Passagem de ano: avaliar, celebrar e seguir
Atualizado em 25/06/19 às 11:443 minutos de leitura376 views
Por todo o mundo o fechamento de um grande ciclo de tempo é celebrado, sobretudo pela perspectiva de um ciclo novo, com novas possibilidades e rumos. Independente do calendário utilizado, o ano novo é vivido nas mais diversas culturas envolvido em grande mística. No Ocidente o tempo de um ano é marcado a partir do calendário gregoriano, baseado no movimento da terra em relação ao sol, e tem, em geral, 365 dias. Esta forma de dividir o tempo possibilita a humanidade uma organização de um tempo externo, mas também, interno, subjetivo.
É também nesse período que, envolvidos pela mística do fechamento de um ciclo, as pessoas se sentem compelidas a pensar sobre si e suas vidas, aspirações, desejos, falhas. Neste processo, pequenas crises vividas durante o ano, e muitas vezes carregadas durante parte da vida podem ganhar força e levar a instabilidade emocional despertando um mal estar geralmente referido como ansiedade, melancolia e nostalgia associadas ás frustrações dos projetos não realizados e ao medo de novas perdas: a Síndrome do Ano novo.
Esta síndrome tem se tornado comum com a proximidade das festas de fim de ano, mas podem surgir mediante ao apelo comercial de renovação de itens de consumo, como mobília, aparelhos eletrônicos, roupas, etc. A marcação de confraternizações no trabalho, na família ou entre amigos demarcam o início do fechamento deste ciclo e trazem à memória os desejos e projetos lançados nesta época, no ano anterior. Soma-se a este clima de conclusão o desgaste das vivências destes últimos doze meses.
A fim de evitar que as festividades natalinas e de réveillon se tornem sinônimo de ansiedade e sofrimento é essencial que as pessoas consigam observar o movimento de seus sentimentos frente a chegada do fim de ano e possam perceber se estes são de perda, de expectativa, frustração... Além disso, adotar uma atitude positiva e misericordiosa diante de si e das metas estabelecidas também é importante, afinal o balanço deste período deve levar em consideração as qualidades e as limitações experimentadas, aprendendo com todas estas práticas, inclusive ressaltando as conquistas que não estavam dentro dos planos iniciais, e valorizá-la.
Desta forma, a passagem de ano é um símbolo de renovação. O final de um ano ruim, por exemplo, renova as possibilidades de que dias melhores estão a caminho. O final do ano representa, psicologicamente, o fim de um momento, de uma realidade e o início de algo completamente novo, diferente. Esta crença atende profundamente a uma necessidade da existência humana: a esperança. Então mal estar relacionado ao fim de ano e a sensação de urgente mudança dará lugar a sensação de gratidão, reflexão e reconhecimento.
O ideal é que aos poucos cada um possa transformar suas aspirações e fragilidades em um projeto de vida, entendendo que este não cabe no período predefinido de 365 dias. Neste processo de maturidade emocional torna-se mais evidente as distintas realizações nos mais diversos espaços vividos _ família, amigos, profissional, pessoal, social... cada uma vivida dentro de seus próprios ciclos em momentos diversos da vida. Cabendo à virada do ano trazer reflexão individual e coletiva do que foi vivido, sem cobranças e inquietações não emancipatórias, e sim de forma tranquila, suave e envolvida em esperança nos novos caminhos ainda por trilhar.
Ana Karine Gonçalves
Psicóloga