Os 250 anos da Matriz - As Torres da Matriz

Atualizado em 23/08/19 às 17:082 minutos de leitura919 views
Dando continuidade à série os 250 anos Matriz, em seu quarto artigo, o Padre Luciano conta uma peculiaridade sobre as Torres da Igreja Matriz. Boa Leitura!   O levantamento das torres da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição prolongou-se até o ano de 1896, quando o Monsenhor Sales com a ajuda do povo campinense concluiu a execução dos trabalhos. Todo este esforço foi feito graças ao empenho do pároco e o auxílio do Frei Venâncio Maria de Ferrara, exímio pregador de santas missões populares, vindo à Campina Grande para esta finalidade. Observa-se neste planejamento a intenção de deixar a torre direita agulhada, como que a indicar o infinito, a verticalidade, a glória divina. A torre esquerda, onde foi posto o relógio, sem agulha, muitas vezes confundida no imaginário como sendo uma construção inacabada. Conforme documentação oficial e registro dos memorialistas locais, a torre esquerda ao poente assim foi deixada para servir de lugar próprio ao hasteamento das bandeiras por ocasião das grandes comemorações religiosas do ano. Na festa em honra à padroeira, via-se a distância, o tremular da bandeira da Imaculada Conceição, indicando o tempo sagrado a ser vivido pelos moradores da cidade e visitantes. Caindo no desuso este costume, outras narrativas orais explicaram a diferença entre as duas torres, supondo a falta de recursos financeiros para a sua conclusão. Ao erguer as torres da Matriz na urbe que se expandia e tornava-se um centro urbano movimentado, seja pela feira semanal, pelo comércio pujante e pela circulação diária de pessoas, provenientes dos diversos municípios circunvizinhos, estava aí a percepção do vigário Sales de que a imagem visível da Igreja-templo deveria abarcar aquilo que ela significa  em sua constituição e natureza: uma realidade divina e humana, um povo que peregrino caminha na história rumo à pátria do Céu. A torre direita recordando Deus, sua onipotência e eternidade. A torre esquerda, com relógio e bandeira, relacionada ao tempo cronológico, para indicar as horas do trabalho e da atividade; as horas sagradas e reservadas à celebração, descanso e festa. Podemos ver nesta representação física e simbólica da Matriz uma bonita eclesiologia que nos trouxe através dos séculos ao testemunho agora dos seus 250 anos!  

Pe. Luciano Guedes do Nascimento Silva

 Pároco da Catedral e Vigário Geral

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