Clero diocesano conclui Retiro Anual com dias de profunda escuta e renovação espiritual
Na
tarde desta sexta-feira, 11 de julho, foi encerrado o Retiro Anual do Clero da
Diocese de Campina Grande, realizado no Convento Santo Antônio, em Lagoa Seca,
com uma missa presidida pelo Bispo Diocesano de Campina Grande, Dom Dulcênio
Fontes de Matos. Desde a última segunda-feira (07), padres se reuniram para
viver dias de silêncio, oração e fraternidade, orientados pelo Arcebispo Emérito
de Olinda e Recife, Dom Antônio Fernando Saburido, OSB, que conduziu as
reflexões com o tema: “Espiritualidade presbiteral à luz dos escritos de São
João”.
O
retiro foi aberto pelo Bispo Diocesano, Dom Dulcênio, que invocou as luzes do
Espírito Santo e acolheu todos os participantes. Ao longo da semana, as
conferências conduziram os presbíteros a um mergulho interior, redescobrindo o
sentido da vocação sacerdotal e a força do amor que sustenta o ministério.
Dom
Fernando destacou, à luz do Salmo 133,1 (“Oh! Como é bom e agradável viverem
unidos os irmãos”), a beleza da fraternidade presbiteral como suporte para a
caminhada, e a necessidade do silêncio interior para ouvir a voz de Deus, como
experimentou o profeta Elias na “brisa suave” (1Rs 19,12-13). Lembrou ainda o
Salmo 91: “Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo e moras à sombra do
Onipotente, dize ao Senhor: Meu refúgio e minha fortaleza, meu Deus em quem
confio” (Sl 91,1-2).
As
reflexões também abordaram o amor como essência do ministério, recordando a
advertência de São João: “Quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20), e o chamado a recuperar o “primeiro amor” da
vocação, conforme o Apocalipse: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu
primeiro amor” (Ap 2,4).
O
pregador convidou os sacerdotes a olharem para Maria como modelo de entrega
total e confiança no Mistério de Cristo. Ao final do retiro, ele destacou a
importância singular da Virgem no mistério da Igreja, recordando que sua
presença aos pés da cruz foi indispensável, pois ali, no momento mais doloroso,
ela participou do início da Igreja nascente. Na entrega total de Cristo na
cruz, manifesta-se o Cristo total, Cabeça e Corpo, inaugurando a realidade da
Igreja.
Dom
Fernando sublinhou ainda que Maria, por sua profunda intimidade com o
Santíssimo Sacramento, pode conduzir os sacerdotes a uma intimidade semelhante
com o Mistério Eucarístico, ajudando-os a viver mais intensamente sua
consagração.
Os
dias do retiro foram permeados por celebrações da Eucaristia, meditações,
Via-Sacra, Momento Mariano, Adorações Eucarísticas e Celebração Penitencial com
confissões individuais, criando um verdadeiro ambiente de conversão, silêncio e
renovação.
Dom
Dulcênio, ao concluir os trabalhos, agradeceu a Dom Fernando pelo rico
ensinamento e aos padres pelo espírito fraterno e recolhimento, deixando um
convite: “Que este retiro nos faça voltar para nossas paróquias renovados no
amor e na alegria de servir ao Senhor”.
Homilia
de Dom Dulcênio na missa de encerramento
Dom
Dulcênio agradeceu a Dom Fernando Saburido pelas orientações espirituais dadas
durante os dias de recolhimento. O encerramento no dia de São Bento, figura
espiritual marcante na vida de Dom Fernando, reforçou o caráter sagrado da
ocasião e inspira a continuidade da missão sacerdotal com renovado zelo.
“Os
céus agradecem e nós também agradecemos a Dom Fernando Saburido, por trazer
para nós durante esses dias de retiro espiritual, palavras firmes e orientações
espirituais que nos ajudam na missão como sacerdotes da Igreja de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Inclusive, as bênçãos se completam com o encerramento no exato
dia em que a Igreja celebra São Bento, Abade, o santo que certamente sempre
moldou a vida de Dom Fernando, mostrando-lhe o caminho a seguir no serviço a
Igreja. Obrigado, Dom Fernando”, trouxe inicialmente.
Aos padres presentes, Dom Dulcênio destacou a importância da
perseverança na missão, mesmo diante das dificuldades. Assim como os Apóstolos
foram instruídos por Jesus, os sacerdotes também foram guiados no retiro e
devem levar a sério cada ensinamento, buscando configurar-se cada vez mais a
Cristo.
“Caríssimos
sacerdotes, o evangelho que ouvimos, Jesus oferece algumas instruções missionárias
ao grupo dos Doze. Também nós, fomos orientados e instruídos pelo nosso
pregador nesses dias de retiro, assim como os Apóstolos de Jesus, vamos levar a
sério todas as orientações recebidas. Acolher a palavra do Evangelho proclamado
e todos os ensinamentos do retiro, é optar por assemelhar-se ao próprio Cristo.
Aí entra a sublimidade do sacerdócio ministerial”, destacou.
Ele alertou sobre duas tentações comuns no ministério: o
comodismo, que paralisa, e o ativismo, que afasta da oração. O verdadeiro
sacerdote é chamado a amar profundamente a Deus e ao povo, vivendo o celibato
como expressão desse amor total.
Por
fim, apresentou quatro pilares para a vida sacerdotal: a Missa diária, a
Liturgia das Horas, a oração pessoal e a vida ascética com direção espiritual.
A resposta aos desafios do mundo, afirmou, está na santidade pessoal dos
sacerdotes.
“O
primeiro é a Missa, centro de cada dia e fonte principal do viver sacerdotal.
Tudo estará centrado na missa. Felizes os padres que ainda celebram com o
fervor da Primeira Missa! O segundo elemento é a Liturgia das Horas. Se a Missa
é joia, o Ofício é o castão dessa jóia. Ainda aqui o sacerdote exerce função
oficial, em nome de toda a Igreja. O terceiro elemento é a Oração pessoal,
sobre cuja importância os diretores da vida espiritual, o Magistério da Igreja
e o exemplo de Cristo, não deixam a menor dúvida. Entendam. Nem a Missa, nem o
Ofício das Horas, nem a atividade pastoral, andará bem, se o padre não for,
pessoalmente, um homem de oração. Em quarto lugar colocaríamos a Vida Ascética
e a direção espiritual. É para o Sacerdote se santificar. Mas o Padre se
santifica, santificando”, concluiu.
Com
informações e fotos: Padre Márcio Henrique