Solenidade de Pentecostes: Missa na Catedral e 100 anos do Apostolado da Oração em Lagoa de Roça
Neste
domingo, 8, dia em que a Igreja celebrou a Solenidade de Pentecostes — momento
que recorda a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, em Jerusalém — Dom
Dulcênio Fontes de Matos, Bispo Diocesano de Campina Grande, presidiu a Santa
Missa na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, às 10h.
A
celebração contou com a concelebração do Padre Luciano Guedes, Pároco da
Catedral e Vigário Geral, e com o apoio litúrgico do diácono Gleydson Lopes e
dos seminaristas. A Catedral esteve repleta, reunindo centenas de fiéis, entre
paroquianos, visitantes e turistas, muitos deles participando pela primeira
vez.
Pentecostes
marca o encerramento do tempo pascal e o nascimento da Igreja sob a ação do
Espírito Santo. A celebração foi marcada por profundo espírito de oração,
unidade e alegria.
A
homilia de Dom Dulcênio destacou o medo dos Apóstolos após a Páscoa, mesmo
tendo visto o Ressuscitado. Esse temor contrasta com a alegria pascal e revela
a fragilidade humana. O Espírito Santo vem como resposta divina a essa
insegurança, abrindo portas trancadas e corações fechados, trazendo coragem e
paz.
“O
Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza” (Rm 8,26). É, pois, a partir Dele que
as portas da Igreja se abrem, bem como as portas dos corações dos Apóstolos: a
primeira, para transmitir O que lhe fora concedido; os Apóstolos, para
alargarem, escancararem os seus interiores. “O Espírito vem em auxílio à nossa
fraqueza”. A cada um, na individualidade do seu ser, vem o Espírito Santo; e, a
partir de cada um, na sociedade da Igreja, é também o Espírito Santo comunicado
pelos Sacramentos, consolando a tantos”, destacou.
Ao
se manterem reunidos no mesmo lugar, os Apóstolos obedecem à ordem de Jesus e
formam a semente da Igreja. O Cenáculo torna-se símbolo da comunidade guiada
pelo Espírito, que consola e fortalece. É ali que nasce a missão: corações
tocados pelo Espírito anunciam as maravilhas de Deus com palavras inflamadas de
fé.
“E
ninguém poderá entender isso ou mesmo entoar com honestidade tais palavras se
não tiver o Espírito Santo, que, Consigo nos traz a presença de Jesus e a
certeza de que Ele está conosco. Logo, esta consolação não deve ser imaginada
como apoio para simples realidades pontuais ou diante de tantas preocupações
temporais que nos visitam. Não. Esta consolação consiste na presença do próprio
Deus em nós; presença nobre que, dentre tantos efeitos, nos alegra e fortalece”.
Dom
Dulcênio concluiu voltando-se à Virgem Maria, presente no Pentecostes como
modelo de entrega ao Espírito Santo. Ela, “amiga do Espírito”, intercede por
nós para que também sejamos cheios desse dom. Com Maria, podemos acolher e
transmitir a presença consoladora de Deus ao mundo.
“Voltemo-nos à Virgem de Pentecostes, cujo interior sempre foi
muito bem sondado pelo Espírito Santo, que “conhece muito bem seu coração
limpíssimo, conhece muito bem aquele palácio, onde tantos e tão grandes
mistérios operou” (São João de Ávila, Ibidem, 4). Voltemo-nos a ela e lhe
supliquemos, por ser tão amiga desse Santo Espírito, que nos comunique a sua
graça para falarmos de tão alto Hóspede em consolação para todos”, concluiu.
Centenário do Apostolado da Oração em Lagoa de Roça
Ainda
neste domingo de Pentecostes, Dom Dulcênio presidiu a Santa Missa na Paróquia
de São Sebastião, em Lagoa de Roça, em ação de graças pelos 100 anos do
Apostolado da Oração. A Paróquia celebrou o centenário com um tríduo festivo,
marcado por intensa participação dos fiéis e grande alegria.
A
solene celebração contou com o descerramento da placa jubilar e com uma
procissão pelas principais ruas da cidade, expressando a fé e a devoção da
comunidade. A Missa foi concelebrada pelos Padres Fagner, Pároco local, e
Flávio, da Paróquia de Sant’Ana, em Alagoa Nova. O Diácono Antônio Hélio prestou
assistência litúrgica, acompanhado dos seminaristas.
O
centenário do Apostolado da Oração é um marco espiritual para Lagoa de Roça, e
Dom Dulcênio destacou o testemunho de fé dos membros do movimento ao longo das
gerações, incentivando-os a continuar firmes na missão de rezar pelas intenções
da Igreja e do Papa.
Homilia
Em
sua pregação, Dom Dulcênio destacou a
presença de Maria no Cenáculo como figura essencial da Igreja nascente. Desde a
Anunciação, ela já vivia sob a ação do Espírito Santo, sendo a “cheia de
graça”. Em contraste com a confusão de Babel, Maria representa a perfeita
comunhão com Deus, pois nunca foi tocada pelo pecado.
“Quando
lemos o episódio do Gênesis acerca da torre de Babel e a sua confusão, que
retrata a desarmonia entre a humanidade e Deus quando do pecado, e contrastando
a vida de comunhão com Deus da Cheia de Graça, percebemos que, antecipada e
veladamente, Maria já vivia o Pentecostes, porque, em toda a sua imaculada
existência, Nossa Senhora vivia uma união humanamente perfeita com Deus, porque
o pecado nunca lhe roubou de seu Senhor: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se
em mim segundo a Sua vontade” (Lc 1,38)”, iniciou.
Dom Dulcênio
ressaltou que Maria foi preparada pelo Espírito como verdadeiro sacrário de
Cristo. Desde sua Conceição, vivia unida a Ele com docilidade e amor. Na
Anunciação, acolhe o Espírito que a torna Mãe de Deus, e, ao longo da vida,
cresce em graça, sempre fiel às moções divinas.
“Ela
cresce, desenvolve-se no amor à Trindade, correspondendo à todas as inspirações
e moções do Espírito Santo, sendo-lhe dócil. Nunca resistiu à vontade de Deus,
não Lhe negando nada, principalmente a sua vida; cresceu nas virtudes naturais
e sobrenaturais continuamente, ainda que fosse repleta de Graça. Que mistério
admirável na vida de Maria!”
Por
fim, Dom Dulcênio mostrou Maria no Pentecostes
como exemplo de oração e espera ativa. Ao lado dos Apóstolos, ela anima a
comunidade nascente com sua fé. Para recebermos o Espírito Santo, como ela, é
preciso abrir o coração com humildade, confiança e entrega.
“Para
prepararmo-nos bem para uma profunda relação com o Espírito Santo, o Paráclito,
imitemos Nossa Senhora: isto os Apóstolos entenderam. Daí os vermos ao lado de
Maria no Cenáculo, não unicamente nas representações artísticas, mas,
principalmente, na Teologia da Santa Igreja”, findou.
Sobre
o Apostolado
O
Apostolado da Oração de São Sebastião de Lagoa de Roça foi instalado no dia 13
de junho de 1925, num sábado após Corpus Christi. Àquela época, a pequena
comunidade era apenas um vilarejo pertencente à então "Freguezia de Santa
Ana" em Alagoa Nova. A Igreja de São Sebastião tinha 75 anos de construção
e abrigava grande devoção dos fiéis ao Sagrado Coração de Jesus.
Nestes
cem anos de história, o apostolado se dedicou fielmente à sua missão: rezar
pelas vocações, rezar pela Igreja, fazer obras de caridade e propagar as
promessas do Sagrado Coração de Jesus, reveladas a Santa Margarida Maria
Alacoque.
Por: Ascom
Fotos: Pascom Catedral e Lagoa de Roça