Sexta-feira Santa: Celebração da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo

Postado em 18/04/25 às 22:0110 minutos de leitura65 views

A Sexta-feira Santa, um dos momentos mais solenes da Semana Maior, é marcada por momentos de silêncio, oração e profunda reflexão. Nesse dia, a Igreja celebra a Paixão e Morte de Jesus Cristo, recordando o sacrifício do Filho de Deus e contemplando o amor supremo revelado na cruz.

Na Catedral Diocesana, a celebração foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Dulcênio Fontes de Matos, e contou com a participação de centenas de fiéis. A liturgia, rica em simbolismos, foi marcada pelos ritos tradicionais como a entrada em silêncio, a prostração do bispo diante do altar e a adoração e o beijo na cruz, conduzindo todos a uma profunda meditação sobre o mistério da cruz.

Encerrando a celebração, foi realizada a tradicional Procissão do Senhor Morto, que saiu da Catedral por volta das 17h. O cortejo seguiu pelas ruas Bento Viana, Vila Nova da Rainha, João da Mata, Vidal de Negreiros e retornou pela Floriano Peixoto até a Catedral. Milhares de fiéis acompanharam em silêncio, manifestando sua fé e reverência diante da morte redentora de Cristo.

Homilia

Na homilia, o Bispo refletiu sobre o “Pontífice”, título atribuído a Jesus, que significa “construtor de pontes”. Diferente dos antigos sacerdotes pagãos ou do sumo sacerdote judeu, Cristo realiza plenamente essa mediação. Ele é o verdadeiro Pontífice da Nova e Eterna Aliança, como ensina a Carta aos Hebreus.

“Pontífice, do latim “pontifex”, possui o significado de “construtor de pontes”. Tal título detinha o imperador romano, que adicionou, para destacar-se, o adjetivo “maximus”, distinguindo-se supremo dos outros sacerdotes pagãos, participantes do Colégio dos Sacerdotes, a mais alta dignidade na religião romana”, refletiu.

Dom Dulcênio destacou o encontro entre Jesus e Caifás, evidenciando o contraste entre o sacerdócio terreno e o sacerdócio eterno. Mesmo diante de um julgamento injusto, Cristo mantém Sua dignidade, responde com sabedoria e assume ser o Filho de Deus. Sua resposta não é por submissão à autoridade de Caifás, mas por fidelidade à verdade que salva.

“Dentro dos evangelhos sinóticos, o de Mateus lança luzes sobre a trama histórica acerca da infame condenação de Jesus por parte do Sinédrio encabeçado por Caifás, que, não conseguindo o que desejava, investiu a que o Senhor Se declarasse contra Si mesmo: “Por Deus vivo, conjuro-te que nos digas se és o Cristo, o Filho de Deus” (Mt 26,36), ao que Jesus confirmou-lhes. O Senhor responde, não por respeito a uma autoridade que carecia de direito a interrogar, mas porque, naquela ocasião, Seu silêncio equivaleria a uma retratação.”

O prelado sublinhou ainda o significado do gesto de Caifás ao rasgar suas vestes, indicando o fim do antigo sacerdócio. Com a morte de Jesus, o véu do Templo também se rasga, sinalizando que agora temos acesso direto a Deus. Cristo, o Sumo Sacerdote perfeito, ofereceu-Se uma única vez, realizando de forma definitiva a reconciliação entre Deus e a humanidade.

“Ao rasgar-se o véu do Templo de Jerusalém com a morte do Senhor na cruz, temos o sinal de que, pondo fim à importância do judaísmo com o Seu Sacrifício redentor, o Cristo, em Si mesmo, nos uniu a Deus, já que não há mais obstáculo algum que nos impeça de chegarmos à divindade; temos livre acesso à graça porque fomos salvos pelo Pontífice  que nos convinha: “santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus. Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios a cada dia, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7,26-27)”, destacou.

Por fim, Dom Dulcênio ressaltou que Jesus, crucificado, é a verdadeira Páscoa. Ele é a ponte viva que nos conduz ao Pai. Ao seguir Cristo, o eterno Pontífice, caminhamos na luz e recebemos livremente a graça de Deus.

“Cristo, estendido no madeiro da Cruz redentora, é a Vera Páscoa. Sendo o sentido da Páscoa o de passagem, sendo o Senhor a ponte que nos conecta a Deus e vice-versa, trilhemos por Ele, seguindo-O, não caminhando nas trevas (cf. Jo 8,12) ou nos perigos; Ele é-nos a “Porta das ovelhas”(cf. Jo 10,7). Somente por Ele, no acesso irrestrito a Deus, encontrar-nos-emos com Aquele que é o princípio e o fim da felicidade eterna.

Por: Ascom
Fotos: Matheus Borges e Agnaldo (Pascom Diocesana)



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