Sexta-feira Santa: Celebração da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo
A
Sexta-feira Santa, um dos momentos mais solenes da Semana Maior, é marcada por
momentos de silêncio, oração e profunda reflexão. Nesse dia, a Igreja celebra a
Paixão e Morte de Jesus Cristo, recordando o sacrifício do Filho de Deus e
contemplando o amor supremo revelado na cruz.
Na
Catedral Diocesana, a celebração foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom
Dulcênio Fontes de Matos, e contou com a participação de centenas de fiéis. A
liturgia, rica em simbolismos, foi marcada pelos ritos tradicionais como a
entrada em silêncio, a prostração do bispo diante do altar e a adoração e o
beijo na cruz, conduzindo todos a uma profunda meditação sobre o mistério da
cruz.
Encerrando
a celebração, foi realizada a tradicional Procissão do Senhor Morto, que saiu
da Catedral por volta das 17h. O cortejo seguiu pelas ruas Bento Viana, Vila
Nova da Rainha, João da Mata, Vidal de Negreiros e retornou pela Floriano
Peixoto até a Catedral. Milhares de fiéis acompanharam em silêncio,
manifestando sua fé e reverência diante da morte redentora de Cristo.
Homilia
Na
homilia, o Bispo refletiu sobre o “Pontífice”, título atribuído a Jesus, que
significa “construtor de pontes”. Diferente dos antigos sacerdotes pagãos ou do
sumo sacerdote judeu, Cristo realiza plenamente essa mediação. Ele é o
verdadeiro Pontífice da Nova e Eterna Aliança, como ensina a Carta aos Hebreus.
“Pontífice,
do latim “pontifex”, possui o significado de “construtor de pontes”. Tal título
detinha o imperador romano, que adicionou, para destacar-se, o adjetivo
“maximus”, distinguindo-se supremo dos outros sacerdotes pagãos, participantes
do Colégio dos Sacerdotes, a mais alta dignidade na religião romana”, refletiu.
Dom
Dulcênio destacou o encontro entre Jesus e Caifás, evidenciando o contraste
entre o sacerdócio terreno e o sacerdócio eterno. Mesmo diante de um julgamento
injusto, Cristo mantém Sua dignidade, responde com sabedoria e assume ser o
Filho de Deus. Sua resposta não é por submissão à autoridade de Caifás, mas por
fidelidade à verdade que salva.
“Dentro
dos evangelhos sinóticos, o de Mateus lança luzes sobre a trama histórica
acerca da infame condenação de Jesus por parte do Sinédrio encabeçado por
Caifás, que, não conseguindo o que desejava, investiu a que o Senhor Se
declarasse contra Si mesmo: “Por Deus vivo, conjuro-te que nos digas se és o
Cristo, o Filho de Deus” (Mt 26,36), ao que Jesus confirmou-lhes. O Senhor
responde, não por respeito a uma autoridade que carecia de direito a
interrogar, mas porque, naquela ocasião, Seu silêncio equivaleria a uma
retratação.”
O
prelado sublinhou ainda o significado do gesto de Caifás ao rasgar suas vestes,
indicando o fim do antigo sacerdócio. Com a morte de Jesus, o véu do Templo também
se rasga, sinalizando que agora temos acesso direto a Deus. Cristo, o Sumo
Sacerdote perfeito, ofereceu-Se uma única vez, realizando de forma definitiva a
reconciliação entre Deus e a humanidade.
“Ao
rasgar-se o véu do Templo de Jerusalém com a morte do Senhor na cruz, temos o
sinal de que, pondo fim à importância do judaísmo com o Seu Sacrifício
redentor, o Cristo, em Si mesmo, nos uniu a Deus, já que não há mais obstáculo
algum que nos impeça de chegarmos à divindade; temos livre acesso à graça porque
fomos salvos pelo Pontífice que nos
convinha: “santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima
dos céus. Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios a
cada dia, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos do povo. Ele já o
fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7,26-27)”, destacou.
Por
fim, Dom Dulcênio ressaltou que Jesus, crucificado, é a verdadeira Páscoa. Ele
é a ponte viva que nos conduz ao Pai. Ao seguir Cristo, o eterno Pontífice, caminhamos
na luz e recebemos livremente a graça de Deus.
“Cristo, estendido no madeiro da Cruz redentora, é a Vera Páscoa.
Sendo o sentido da Páscoa o de passagem, sendo o Senhor a ponte que nos conecta
a Deus e vice-versa, trilhemos por Ele, seguindo-O, não caminhando nas trevas
(cf. Jo 8,12) ou nos perigos; Ele é-nos a “Porta das ovelhas”(cf. Jo 10,7).
Somente por Ele, no acesso irrestrito a Deus, encontrar-nos-emos com Aquele que
é o princípio e o fim da felicidade eterna.
Por:
Ascom
Fotos: Matheus Borges e Agnaldo (Pascom Diocesana)