Na noite deste dia 25 de março, a comunidade do Mosteiro de Santa Clara, em Campina Grande, se reuniu para celebrar a Solenidade da Anunciação do Senhor e, ao mesmo tempo, testemunhar um momento de grande importância para a vida religiosa: a profissão de votos temporários da Irmã Maria Madalena. A celebração foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Dulcênio Fontes de Matos, e contou com a presença de padres, diáconos, religiosos e religiosas, e seminaristas, além dos fiéis que se uniram em oração e alegria para acompanhar a monja em seu passo rumo à consagração total à vida religiosa.

Em sua pregação, o bispo refletiu sobre a Solenidade da Anunciação do Senhor, celebrada no meio da Quaresma. Ele destacou que a Encarnação do Verbo Divino, realizada no ventre de Maria, não foi um evento repentino, mas fruto de um plano de Deus que se revelou aos poucos ao longo da história.

“Recordamos o bendito dia em que Deus Pai dignou-se enviar o seu Filho à terra, a fim de salvar a humanidade, reerguer a obra prima da criação que jazia caída na lama do pecado e da morte. Tudo isso, meus irmãos e irmãs, não foi orquestrado de um dia para o outro. Durante muito tempo Deus foi preparando o seu povo para este grandioso acontecimento, concedendo-lhes sinais, revelando-se aos poucos; desde a revelação do seu nome, a Moisés, até a Encarnação”, destacou.

Dom Dulcênio explicou que a profecia de Isaías sobre a virgem que conceberia o Messias se referia a um Rei Salvador, diferente de um governante terreno. O nascimento de Jesus não visava apenas libertar Israel da opressão política, mas trazer uma libertação mais profunda do pecado.

“O Emanuel, que significa Deus conosco, veio realmente pare libertar o povo, mas não meramente de uma opressão política. Veio operar uma libertação mais profunda que somente Deus poderia fazer: libertar o mundo das cadeias do pecado. Para que o homem pudesse subir às sumas alturas, desceu Deus do céu para as criaturas, conforme rezamos no ofício da Imaculada”, pregou.

O bispo também sublinhou que a pureza de Maria, desde a concepção, a fez o local perfeito para a Encarnação. O prelado destacou que sua resposta ao chamado de Deus, "Eis a serva do Senhor", foi vista como a aceitação do plano divino, que se conecta com a vocação da Irmã Maria Madalena, que hoje faz sua profissão de votos temporários.

“Eu, vosso bispo, vos exorto com as mesmas palavras que Santa Clara, vossa mãe, exortou Santa Inês de Praga: “Prenda-se à sua dulcíssima Mãe [Nossa Senhora], que gerou tal Filho que os céus não podiam conter, mas que ela recolheu no pequeno claustro do seu santo seio. Assim como a gloriosa Virgem das virgens o trouxe materialmente, assim também você, seguindo seus passos, especialmente os da humildade e pobreza, sem dúvida alguma, poderá trazê-lo espiritualmente em um corpo casto e virginal” (3ª carta à S. Inês)”

Por fim, Dom Dulcênio exortou a Irmã Madalena, citando Santa Clara, a seguir os passos de Nossa Senhora em humildade e pobreza. Ele a incentivou a se configurar cada vez mais a Jesus Cristo, para que, no momento certo, ela pudesse dar seu “sim” definitivo, consagrando-se plenamente.

“Irmã Madalena, que neste tempo de juniorato, possas configura-se ainda mais a Jesus Cristo, vosso esposo, como exorta Santa Clara. Para que, no tempo oportuno, assim como Maria, possas dar um “sim” definitivo, consagrando-se perpetuamente a Deus e colaborando na obra da salvação. Amém!”, concluiu.

Sobre a profissão de fé

A profissão de votos temporários, também conhecidos como votos simples, é um compromisso inicial de seguir a Regra de Santa Clara, que é fundamentada no Evangelho e visa a vivência dos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência. A monja que professa os votos temporários renuncia aos bens materiais e se dedica plenamente à vida contemplativa, renovando seus votos a cada três anos até alcançar a Profissão Solene, momento de consagração definitiva à Ordem das Irmãs Pobres de Santa Clara.

O processo formativo para a vida monástica é longo e repleto de etapas significativas. Inicialmente, as jovens ingressam no Postulantado, onde são acolhidas pelo Mosteiro e iniciam seu discernimento vocacional. Após esse período, seguem para o Noviciado, em que passam dois anos dedicados à oração, ao estudo e à vivência do espírito de Francisco e Clara. O Juniorato, fase que se segue, tem duração de três anos e é o momento de vivência plena dos votos temporários, preparando as monjas para a Profissão Solene, que sela seu compromisso definitivo com a vida religiosa. Ao final desse processo, a monja professa seus votos solenes, comprometendo-se a viver de forma integral e permanente na Ordem.

Por: Ascom
Fotos: Matheus Borges (Pascom Diocesana)