Aula Inaugural Marca Início do Ano Letivo do Seminário Diocesano

Atualizado em 17/02/25 às 23:1711 minutos de leitura139 views

Em um clima de fraternidade e alegria, com o grupo de canto da Catedral Diocesana recebendo os presentes, o Seminário Diocesano São João Maria Vianney iniciou suas atividades letivas para o ano de 2025. A Aula Inaugural, realizada na noite de 17 de fevereiro, no Auditório Dom Frei Anselmo Pietrulla, contou com a presença da equipe formativa, padres, diáconos, religiosas, professores, fiéis e demais convidados.

O evento foi presidido pelo Bispo Diocesano, Dom Dulcênio Fontes de Matos, que, antes da aula, celebrou a Santa Missa às 17h30. Dom Dulcênio ministrou na Aula Inaugural o tema "A Oração de Jesus, fonte da verdadeira esperança", convidando todos a refletirem sobre a importância da oração em nossas vidas e a buscar, na espiritualidade cristã, a força e a esperança oferecidas por Cristo.

Nos instantes iniciais, o Reitor do Seminário, Padre Leandro Márcio de Normandia, introduziu o tema da aula inaugural destacando que a oração é um espaço de encontro e de troca profunda com Deus, onde o orante não se limita a falar, mas, principalmente, a ouvir. Ao orar, a pessoa entra em um relacionamento de confiança, reconhecendo que Deus a conhece em sua totalidade e, ainda assim, deseja uma comunhão baseada no amor e na proximidade. A verdadeira oração, segundo o Padre, não é um simples exercício de palavras, mas um movimento de silêncio e atenção, onde a escuta se torna essencial. É nesse silêncio que o cristão é capaz de reconhecer a grandeza de Deus, compreender seu convite e aprender a seguir Jesus, com humildade e sabedoria.

O Padre João Jorge, Diretor do Centro de Estudos, também fez o uso da fala, refletindo sobre o papel vital do seminário na formação de padres e líderes católicos, destacando a importância de preservar as tradições e heranças da Igreja. Ele reconheceu o seminário tendo como grande impacto na formação espiritual e pastoral da diocese. O padre também mencionou os desafios históricos enfrentados pela Igreja, e falou sobre a relação do povo com a fé, que, apesar das dificuldades, tem se mantido por meio de orações e devoções. Ele enfatizou que o futuro da Igreja depende de manter a conexão com o passado, garantindo uma formação sólida para os padres e cultivando o legado espiritual de fé e devoção popular

Aula Inaugural

Na aula inaugural, Dom Dulcênio refletiu sobre a oração de Jesus como fonte da verdadeira esperança. Cristo, movido pelo Espírito Santo, é o modelo perfeito de oração, ensinando-nos a intimidade com o Pai. A oração de Jesus não é apenas palavras, mas um ato de união profunda com Deus, associando-nos ao Seu Corpo Místico, a Igreja. A oração de Cristo, marcada pela confiança, humildade e renúncia, é um exemplo a ser seguido por todos os cristãos, mostrando que a oração deve alinhar nossa vontade com a de Deus.

“São Mateus diz-nos que Jesus “adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: ‘Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que Tu queres’” (Mt 26,39). Intimidade e confiança em Deus e renúncia de si mesmo, eis ao que a oração nos deve impelir. E Santo Tomás de Aquino, no seu comentário ao Evangelho de Mateus (Super Matthaeum, c. 26, lect. 5), afirmar que a oração de Cristo possui como características a solicitude, a humildade, a devoção e a submissão”, refletiu o Bispo.

Dom Dulcênio ampliou a reflexão, destacando a oração como uma prática universal desde as civilizações antigas. O Papa Bento XVI, em suas catequeses, observa que a oração sempre foi uma busca do homem por transcender suas dificuldades e encontrar respostas existenciais. A oração nos conecta com Deus, iluminando nossa vida com força divina e trazendo esperança diante dos desafios.

“Aponta ele que, desde o Egito antigo, a oração, como algo universalmente humano, é atestada como “pura e simples prece de pedido da parte de quem se encontra no sofrimento” , mas que deseja, em meio às amarguras, ver a luz da divindade. Esse desejo, segundo Santo Agostinho em suas Confissões, é uma realidade natural ao coração humano, que tateia em busca deste alguém que, pelo amor, felicita e dá sentido ao coração humano. Logo, podemos dizer ter o primeiro conceito de oração: a busca do espírito humano pelo conforto interior.

O bispo também enfatizou a oração constante como essencial na vida do cristão. A oração não só molda nossa identidade, mas nos aproxima de Deus e nos dá força para viver. Ele citou o exemplo de São João Maria Vianney, cuja oração transformou sua comunidade. A oração é um descanso para a alma, um encontro com Deus que traz paz e fortalece nossa esperança.

“Creio que tais apontamentos da espiritualidade cristã, de per si, já nos falam, automaticamente, da prática da oração constante. Apraz-me também de pensar a oração com o conceito de descanso da alma. O grande Agostinho já o disse: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti” . Diante de tantos cansaços da nossa vida cotidiana, é salutar aquietarmos o nosso coração com o descanso da oração, e, assim, encontraremos Deus entrevendo-O numa brisa leve e mansa, tal como o profeta Elias , e tomaremos fôlego para, com zelo e coragem, continuarmos a dura jornada confiada a nós”, destacou.

A homilia de Dom Dulcênio

Antes da aula inaugural, Dom Dulcênio presidiu a missa no Seminário Diocesano São João Maria Vianney, com a concelebração do Reitor, Padre Leandro Márcio, do Vice-Reitor, Padre Joseque, do Padre João Jorge, diretor do Centro de Estudos, e demais padres. A celebração foi marcada por um momento de oração e fraternidade, preparando o início das atividades letivas do seminário.

Direcionando-se aos seminaristas, Dom Dulcênio refletiu sobre o que Deus espera de nós, especialmente no contexto dos seminaristas. A partir de Caim e Abel, ele destacou as duas facetas humanas: a boa e a má. O Bispo alertou para a importância de não ser indiferente ao próximo, tratando-o como irmão e buscando justiça, paz e fraternidade em todos os relacionamentos.

“A justiça, a paz, a fraternidade, brotarão, espontaneamente, do coração que vê o outro com o olhar de Deus. Sim, Deus espera de vocês nesta casa de formação para o sacerdócio, um olhando para o outro, como irmãos, com o olhar de Deus”.

Dom Dulcênio também trouxe à tona a reflexão de Papa Bento XVI sobre o egoísmo e a indiferença, que geram mal no mundo. A falta de fraternidade entre seminaristas prejudica a comunhão e rompe com a essência de Deus, que é comunhão. O amor mútuo é essencial para promover paz e solidariedade, tanto no seminário quanto no sacerdócio.

“Amados seminaristas, lembrem sempre o que lhes digo neste momento: Uma crise de fraternidade entre vocês impede a plena comunhão, romper com a comunhão é romper com a Trindade Santa que é Comunhão. Vivam entre vocês o amor um para com o outro, porque só o amor pode curar toda maldade. O amor aproxima os irmãos, o amor desperta a justiça, o amor desperta a paz, a alegria e a solidariedade entre vocês”.

A homilia concluiu com um convite à introspecção e santidade. Dom Dulcênio exortou os seminaristas a viverem o amor fraterno, pois a atenção ao próximo é caminho de santidade. Para serem sinais de Cristo, precisam refletir sobre sua vida e vocação, sendo testemunhos vivos de fé e amor.

“Permitam-me encerrar a reflexão com alguns questionamentos, quem sabe, até uma exortação: Pediremos, hoje, perdão ao Senhor, por nossa falta de autencidade: nem somos o que parecemos, nem parecemos o que deveríamos ser; nem nos parecemos com Cristo, nem somos como Cristo. Viveremos todo o dia de hoje em uma constante atitude de questionamento pessoal, vocacional... vejamos se, talvez, precisamos examinar se verdadeiramente estamos sendo sinais tanto no plano pessoal quanto na comunidade de vida fraterna evangélica, a nossa casa, o seminário”, concluiu.

Por: Ascom
Fotos: Dvanilson Marinho (Ascom)


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