Na Diocese de Guarabira: Dom Dulcênio Preside a 5ª Noite da Novena à N. Senhora da Luz
A
Diocese de Guarabira, localizada na região do Brejo da Paraíba, está celebrando
com grande alegria a festa de sua padroeira, Nossa Senhora da Luz, desde o dia
23 de janeiro. E nesta terça-feira, 28, a comunidade acolheu Dom Dulcênio
Fontes de Matos, bispo da Diocese de Campina Grande, que presidiu a 5ª noite da
novena na Catedral Diocesana, e que participa pela primeira vez dessa festividade.
O
acolhimento a Dom Dulcênio foi feito pelo padre Raul Rodrigues, cura da
catedral, com grande entusiasmo. Também estavam presentes o seu irmão no
Episcopado e bispo local, Dom Aldemiro Sena, além de padres, diáconos e
seminaristas.
Dom
Dulcênio expressou sua alegria e gratidão por ter a oportunidade de presidir a
novena, agradecendo ao Bispo Dom Aldemiro e ao Padre Raul pelo convite.
O
tema deste ano para a festa é “Com a Virgem da Luz, peregrinos na comunhão e na
esperança”, refletindo o espírito do Jubileu de 2025. A programação da festa
segue até o dia 2 de fevereiro, com a missa solene e a tradicional procissão de
encerramento.
Homilia
Na
homilia de Dom Dulcênio, ele convidou a refletir sobre o “hoje” de Deus, o
único tempo em que podemos ouvir Sua voz. Ele destaca que a celebração é um
momento de encontro com Deus, onde, como expressa um canto litúrgico, “cheios
de esperança” nos aproximamos do Senhor.
“A
palavra de Deus está sempre presente, e quem tem ouvidos para ouvir deve
fazê-lo. É por isso que estamos no hoje de Deus, aqui, nesta Catedral. Onde,
como nos diz um belo canto: “Cheios de esperança, estamos aqui para celebrar o
mistério de amor! Corações ao alto, nossos pés no chão, unindo nossas vozes
numa só canção.” Eis a tua Igreja, Senhor, indo ao teu encontro, porque somos
os teus servos e Tu, o nosso estandarte!”, iniciou sua pregação.
Dom
Dulcênio também destacou a importância do Ano Jubilar para a Diocese de
Guarabira, momento em que a Igreja local celebra 43 anos de sua ereção
canônica. Esse marco, protegido pela luz que iluminou a Virgem Maria, simboliza
um tempo de renovação e de esperança para toda a comunidade.
“É
a partir desse prelúdio que manifesto a alegria de estar convosco, para juntos,
podermos refletir sobre a Palavra de Deus; que nos impele, não
coincidentemente, mas, providencialmente, neste ano Jubilar, em que a Esperança
toma a nossa Igreja e nossa Igreja toma da Esperança o seu efeito máximo: a
expectativa da perfeita realização. E mais: ano em que vocês comemoram 43 anos
da ereção canônica desta Diocese protegida pela Luz que iluminou a Virgem e
consequentemente, ilumina os homens. Não teria ano mais propício para isso: o
ano que nos traz esperança, nos traz a recordação da autonomia desta igreja
particular da Rainha do Brejo” destacou.
A
reflexão bíblica sobre o cego de Jericó, Bartimeu, é central na homilia.
Bartimeu, apesar de sua cegueira, percebe o Messias quando outros não
conseguem. Sua fé, mesmo imperfeita, é o que o cura. Ao recuperar a visão, ele
se torna discípulo de Jesus. Este episódio ilustra o poder transformador da fé
e da experiência pessoal com Cristo.
Dom
Dulcênio destacou três expressões essenciais de Jesus: o grito, a visão e a
cura. Jesus ouve, vê e toca, revelando a sensibilidade com que a Igreja deve
responder ao sofrimento do outro. O grito de Bartimeu, sua fé e a cura que
recebe são um convite à Igreja para estar atenta, ver além das aparências e
tocar com misericórdia.
“A
Igreja sempre se importou com os sinais sensíveis, é por isso que ela é
memorial e atualização a todo tempo. Sendo assim, temos três expressões da
sensibilidade de Jesus: a partir da audição, quando escuta o grito; da visão,
quando o faz ver; e do tato, quando o cura”, refletiu.
Por
fim, o bispo fala sobre Maria, a Mãe da Luz, que reflete a luz de Deus e
ilumina o caminho dos fiéis. Ele conecta essa imagem com a alegria que deve
caracterizar o serviço cristão, lembrando o lema de Dom Aldemiro: “servir com
alegria”. A homilia nos convida a seguir o exemplo de Maria e viver a fé com
esperança, alegria e a luz de Cristo.
“Portanto,
não teria título mais belo para estas terras que o título de Senhora da Luz;
por ser Mãe da Luz do mundo e por ser iluminada pela mesma. Maria é uma luz
para a revelação dos gentios e a glória de vosso povo, Israel. Por isso,
recebeu em seus braços, o Rei da Glória, da nova luz. A Virgem aproxima-se
trazendo ao colo o Filho que gerou antes do sol. Por fim, que a luz que promana
da figura de Maria ajude-nos a compreender o verdadeiro sentido da iluminação.
Afinal, em Maria está plenamente viva e concreta aquela relação com Deus e o
homem”, findou.
Por: Ascom
Fotos: Pascom diocesana e catedral (Guarabira)
Confira a
Homilia, na íntegra:
HOMILIA POR OCASIÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA LUZ
DIOCESE DE GUARABIRA –
PARAÍBA | 28.01.2025
Jr 31,7-9 | Sl 125(126) | Mc
10,46-52
“A esperança que guia os passos do povo e abre os olhos do coração
para a salvação”
·
Caríssimo irmão no Episcopado, Dom Aldemiro
Sena;
·
Caríssimos Pe. José André, vigário
geral; e Pe. Reinaldo Calixto, representante do clero, por quem chego aos
caríssimos sacerdotes;
·
Com uma saudação especial, ao Cura
desta Catedral: Pe. Raul Rodrigues Neto;
·
Caros diáconos, seminaristas e
religiosos desta Diocese;
·
Querido povo de Deus desta terra;
Amados irmãos, o hoje de Deus é muito profundo em nossa
vida, ou, deve ser, porque é o instante presente; único tempo de Deus do qual
disponho, o passado não sendo mais, o porvir não ainda, mas, o pressente sendo
plenamente. Refere-se à ideia de que cada dia é uma oportunidade para ouvir a
voz de Deus e não endurecer o coração. A palavra de Deus está sempre presente,
e quem tem ouvidos para ouvir deve fazê-lo. É por isso que estamos no hoje
de Deus, aqui, nesta Catedral. Onde, como nos diz um belo canto: “Cheios
de esperança, estamos aqui para celebrar o mistério de amor! Corações ao alto,
nossos pés no chão, unindo nossas vozes numa só canção.” Eis a
tua Igreja, Senhor, indo ao teu encontro, porque somos os teus servos e Tu, o
nosso estandarte!
É a partir desse prelúdio que manifesto a alegria de
estar convosco, para juntos, podermos refletir sobre a Palavra de Deus; que nos
impele, não coincidentemente, mas, providencialmente, neste ano Jubilar, em que
a Esperança toma a nossa Igreja e nossa Igreja toma da Esperança o seu efeito
máximo: a expectativa da perfeita realização. E mais: ano em que vocês comemoram
43 anos da ereção canônica desta Diocese protegida pela Luz que iluminou a
Virgem e consequentemente, ilumina os homens. Não teria ano mais propício
para isso: o ano que nos traz esperança, nos traz a recordação da autonomia
desta igreja particular da Rainha do Brejo.
Caríssimos, através do realismo narrativo da cena do
Evangelho, onde o cego é evidenciado, impõe-se o paradoxo da situação. O cego, condenado
por sua doença e reprimido pelo povo, percebe o que os outros não veem. Ouve
mencionar Jesus de Nazaré, invoca o “filho de Davi”. A sua fé, embora imperfeita,
é um órgão mais penetrante: “não tendo olhos, vê”. Por ela receberá de
Jesus o dom da visão recuperada. Nele, cumprem-se as profecias: “verão a
glória do Senhor... abrir-se-ão os olhos dos cegos”. Imediatamente “segue”
Jesus, que o mandara “chamar”. Um itinerário exemplar, de fé e iluminação,
chamado e seguimento.
São Marcos refere que, já à saída de Jericó, havia uma “grande
multidão” que seguia Jesus. Isso nos é importante porque Jesus sempre atraiu as
multidões, mas, NUNCA FOI MULTIDÃO.
Cabe lembrar de que Jesus é descendente legítimo de
Davi, anunciado e esperado. O povo repreende o cego porque grita e pelo que
grita. Afinal, é o grito da confissão messiânica. Jesus aceita a
confissão, além de confirmá-la como brotada da fé. Para “subir” a Jerusalém
partindo da Transjordânia, Jesus tem de atravessar o Jordão e passar pela
cidade das palmeiras, Jericó, refazendo de certo modo o itinerário dos
israelitas.
Na última parte do percurso, tem lugar um acontecimento
singular, que aumenta a expectativa sobre aquilo que está para suceder, fazendo
com que a atenção geral se concentre ainda mais em Jesus. Bartimeu recuperou
a vista e começou a seguir Jesus pela estrada. Depois deste sinal prodigioso
precedido pela invocação “Filho de Davi”, de improviso levanta-se um frêmito de
esperança messiânica no meio da multidão, fazendo com que muitos se
perguntassem: Poderia este Jesus, que caminhava à sua frente para Jerusalém,
ser o Messias, o novo Davi? Porventura teria chegado, com esta sua entrada já
iminente na cidade santa, o momento em que Deus iria finalmente restaurar o
reino de Davi?
Queria enlevar três expressões fundamentais para a
reflexão de hoje: o grito; a visão; e a cura.
A Igreja sempre se importou com os sinais sensíveis, é
por isso que ela é memorial e atualização a todo tempo. Sendo assim, temos
três expressões da sensibilidade de Jesus: a partir da audição, quando
escuta o grito; da visão, quando o faz ver; e do tato, quando o cura. Meus
irmãos, a Escritura está cheia de ações de Jesus, e se percebermos, a ação
mais aparente de Jesus é o tato; o contato; o toque... o toque é muito importante
para Ele. Por isso, a liturgia chega ao nosso íntimo, porque sentimos o
toque de Deus nas palavras, nos exemplos, nas ações...
O que nos remonta à primeira leitura, onde os cegos
enxergarão; os coxos andarão e as grávidas terão consolo e darão à luz sem
tropeço, e todos gritarão jubilosos por Jacó, regozijando-vos dizendo: o
Senhor salvou seu povo, o resto de Israel. Porque Ele escutou o nosso
grito; fez-nos enxergar; e, curou-nos. Porque Ele ouviu, sentiu e tocou!
Aqui, podemos descobrir uma primeira grande
incumbência: o convite a adotar a visão reta para com o outro. A visão que recebemos
de Cristo é um olhar de bênção: um olhar sapiencial e amoroso, capaz de captar
a beleza do mundo e condoer-se da sua fragilidade. Nesta visão,
manifesta-se o próprio olhar de Deus sobre os homens que Ele ama e sobre a
criação, obra das suas mãos. Isto é, olhar para com os homens que “ele
escuta o grito”. Lemos no Livro da Sabedoria que, Deus, de todos tem compaixão,
porque tudo pode, e trata com bondade, porque tudo é seu, pois é Senhor amigo
da vida e do homem.
Ora, irmãos, o momento decisivo foi o encontro
pessoal, direto, entre o Senhor e aquele homem que sofria. Encontram-se um
diante do outro: Deus com a sua vontade de curar e o homem com o seu desejo de
ser curado. Duas liberdades, duas vontades convergentes: “Que queres que Eu
te faça?”, “Que eu recupere a vista!”. “Vai, a tua fé te salvou”. Com estas
palavras realiza-se o milagre. Alegria de Deus, alegria do homem.
E Bartimeu, vindo à luz – narra o Evangelho – “começou
a segui-lo no seu caminho”: isto é, torna-se um discípulo e sobe com o Mestre a
Jerusalém, para participar com Ele no grande mistério da salvação. Esta
narração, na essência da sua sucessão, recorda o itinerário do catecúmeno rumo
ao Sacramento do Batismo, que na Igreja era também chamado “iluminação”. E
todos nós só estamos aqui porque fomos iluminados (através da fé) para estar em
Deus. A fé é um caminho de iluminação: parte da humildade de se reconhecer
necessitados de salvação e chega ao encontro pessoal com Cristo, que chama a segui-l'O
pelo caminho do amor.
E por que falar de iluminação no dia de hoje? Porque “A esperança que guia os passos do povo e abre os olhos do
coração para a salvação” é a iluminação que nos advém de
Deus. E, a partir desta introdução reiterada pela Luz que iluminou a Mãe de
Deus, peço-lhes licença para recordar-lhes que Ela aparece “vestida de sol”,
isto é, vestida de Deus (na Escritura) porque, de fato, é toda circundada pela
luz de Deus e vive em Deus. Esse símbolo da veste luminosa claramente
expressa uma condição que diz respeito a todo o ser de Maria: Ela é “cheia de
graça” (e aquilo que é cheio, é transbordante; está completo, não
necessitando de complemento). Eis, portanto, que a “plena de graça”, ilumina,
por ser iluminada, o caminho dos seus; refletindo com toda a sua pessoa a luz
do “sol” que é Deus.
Portanto, não teria título mais belo para estas terras
que o título de Senhora da Luz; por ser Mãe da Luz do mundo e por ser iluminada
pela mesma. Maria é uma luz para a revelação dos gentios e a glória de vosso
povo, Israel. Por isso, recebeu em seus braços, o Rei da Glória, da nova luz. A
Virgem aproxima-se trazendo ao colo o Filho que gerou antes do sol. Por
fim, que a luz que promana da figura de Maria ajude-nos a compreender o
verdadeiro sentido da iluminação. Afinal, em Maria está plenamente viva e
concreta aquela relação com Deus e o homem.
Dom Aldemiro, recordo que Maria além de estar cheia de
luz, foi promissora pela sua alegria, porque se entregou à iluminação com
alegria e pela alegria. E, recordando disto, percebo que escolheste a alegria.
Afinal, “servir com alegria” foram as palavras que escolheste para conduzir esta
igreja; para escutar o grito, enxergar e tocar cada ovelha que necessite da
alegria. Servir com alegria é teu lema; faça dele uma verdadeira
iluminação em tua vida. Digo: peça à Senhora da Luz que ilumine seus passos
para assim, servir sempre com alegria e gritar como Bartimeu: O Messias, o
Filho de Davi, me curou!