Na Diocese de Guarabira: Dom Dulcênio Preside a 5ª Noite da Novena à N. Senhora da Luz

Postado em 29/01/25 às 00:1213 minutos de leitura100 views

A Diocese de Guarabira, localizada na região do Brejo da Paraíba, está celebrando com grande alegria a festa de sua padroeira, Nossa Senhora da Luz, desde o dia 23 de janeiro. E nesta terça-feira, 28, a comunidade acolheu Dom Dulcênio Fontes de Matos, bispo da Diocese de Campina Grande, que presidiu a 5ª noite da novena na Catedral Diocesana, e que participa pela primeira vez dessa festividade.

O acolhimento a Dom Dulcênio foi feito pelo padre Raul Rodrigues, cura da catedral, com grande entusiasmo. Também estavam presentes o seu irmão no Episcopado e bispo local, Dom Aldemiro Sena, além de padres, diáconos e seminaristas.

Dom Dulcênio expressou sua alegria e gratidão por ter a oportunidade de presidir a novena, agradecendo ao Bispo Dom Aldemiro e ao Padre Raul pelo convite.

O tema deste ano para a festa é “Com a Virgem da Luz, peregrinos na comunhão e na esperança”, refletindo o espírito do Jubileu de 2025. A programação da festa segue até o dia 2 de fevereiro, com a missa solene e a tradicional procissão de encerramento.

Homilia

Na homilia de Dom Dulcênio, ele convidou a refletir sobre o “hoje” de Deus, o único tempo em que podemos ouvir Sua voz. Ele destaca que a celebração é um momento de encontro com Deus, onde, como expressa um canto litúrgico, “cheios de esperança” nos aproximamos do Senhor.

“A palavra de Deus está sempre presente, e quem tem ouvidos para ouvir deve fazê-lo. É por isso que estamos no hoje de Deus, aqui, nesta Catedral. Onde, como nos diz um belo canto: “Cheios de esperança, estamos aqui para celebrar o mistério de amor! Corações ao alto, nossos pés no chão, unindo nossas vozes numa só canção.” Eis a tua Igreja, Senhor, indo ao teu encontro, porque somos os teus servos e Tu, o nosso estandarte!”, iniciou sua pregação.

Dom Dulcênio também destacou a importância do Ano Jubilar para a Diocese de Guarabira, momento em que a Igreja local celebra 43 anos de sua ereção canônica. Esse marco, protegido pela luz que iluminou a Virgem Maria, simboliza um tempo de renovação e de esperança para toda a comunidade.

“É a partir desse prelúdio que manifesto a alegria de estar convosco, para juntos, podermos refletir sobre a Palavra de Deus; que nos impele, não coincidentemente, mas, providencialmente, neste ano Jubilar, em que a Esperança toma a nossa Igreja e nossa Igreja toma da Esperança o seu efeito máximo: a expectativa da perfeita realização. E mais: ano em que vocês comemoram 43 anos da ereção canônica desta Diocese protegida pela Luz que iluminou a Virgem e consequentemente, ilumina os homens. Não teria ano mais propício para isso: o ano que nos traz esperança, nos traz a recordação da autonomia desta igreja particular da Rainha do Brejo” destacou.

A reflexão bíblica sobre o cego de Jericó, Bartimeu, é central na homilia. Bartimeu, apesar de sua cegueira, percebe o Messias quando outros não conseguem. Sua fé, mesmo imperfeita, é o que o cura. Ao recuperar a visão, ele se torna discípulo de Jesus. Este episódio ilustra o poder transformador da fé e da experiência pessoal com Cristo.

Dom Dulcênio destacou três expressões essenciais de Jesus: o grito, a visão e a cura. Jesus ouve, vê e toca, revelando a sensibilidade com que a Igreja deve responder ao sofrimento do outro. O grito de Bartimeu, sua fé e a cura que recebe são um convite à Igreja para estar atenta, ver além das aparências e tocar com misericórdia.

“A Igreja sempre se importou com os sinais sensíveis, é por isso que ela é memorial e atualização a todo tempo. Sendo assim, temos três expressões da sensibilidade de Jesus: a partir da audição, quando escuta o grito; da visão, quando o faz ver; e do tato, quando o cura”, refletiu.

Por fim, o bispo fala sobre Maria, a Mãe da Luz, que reflete a luz de Deus e ilumina o caminho dos fiéis. Ele conecta essa imagem com a alegria que deve caracterizar o serviço cristão, lembrando o lema de Dom Aldemiro: “servir com alegria”. A homilia nos convida a seguir o exemplo de Maria e viver a fé com esperança, alegria e a luz de Cristo.

“Portanto, não teria título mais belo para estas terras que o título de Senhora da Luz; por ser Mãe da Luz do mundo e por ser iluminada pela mesma. Maria é uma luz para a revelação dos gentios e a glória de vosso povo, Israel. Por isso, recebeu em seus braços, o Rei da Glória, da nova luz. A Virgem aproxima-se trazendo ao colo o Filho que gerou antes do sol. Por fim, que a luz que promana da figura de Maria ajude-nos a compreender o verdadeiro sentido da iluminação. Afinal, em Maria está plenamente viva e concreta aquela relação com Deus e o homem”, findou.

Por: Ascom
Fotos: Pascom diocesana e catedral (Guarabira)

Confira a Homilia, na íntegra:

HOMILIA POR OCASIÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DA LUZ

DIOCESE DE GUARABIRA – PARAÍBA |   28.01.2025

Jr 31,7-9    |    Sl 125(126)    |    Mc 10,46-52
“A esperança que guia os passos do povo e abre os olhos do coração para a salvação”

 

·     Caríssimo irmão no Episcopado, Dom Aldemiro Sena;

·     Caríssimos Pe. José André, vigário geral; e Pe. Reinaldo Calixto, representante do clero, por quem chego aos caríssimos sacerdotes;

·     Com uma saudação especial, ao Cura desta Catedral: Pe. Raul Rodrigues Neto;

·     Caros diáconos, seminaristas e religiosos desta Diocese;

·     Querido povo de Deus desta terra;

Amados irmãos, o hoje de Deus é muito profundo em nossa vida, ou, deve ser, porque é o instante presente; único tempo de Deus do qual disponho, o passado não sendo mais, o porvir não ainda, mas, o pressente sendo plenamente. Refere-se à ideia de que cada dia é uma oportunidade para ouvir a voz de Deus e não endurecer o coração. A palavra de Deus está sempre presente, e quem tem ouvidos para ouvir deve fazê-lo. É por isso que estamos no hoje de Deus, aqui, nesta Catedral. Onde, como nos diz um belo canto:Cheios de esperança, estamos aqui para celebrar o mistério de amor! Corações ao alto, nossos pés no chão, unindo nossas vozes numa só canção.” Eis a tua Igreja, Senhor, indo ao teu encontro, porque somos os teus servos e Tu, o nosso estandarte!

É a partir desse prelúdio que manifesto a alegria de estar convosco, para juntos, podermos refletir sobre a Palavra de Deus; que nos impele, não coincidentemente, mas, providencialmente, neste ano Jubilar, em que a Esperança toma a nossa Igreja e nossa Igreja toma da Esperança o seu efeito máximo: a expectativa da perfeita realização. E mais: ano em que vocês comemoram 43 anos da ereção canônica desta Diocese protegida pela Luz que iluminou a Virgem e consequentemente, ilumina os homens. Não teria ano mais propício para isso: o ano que nos traz esperança, nos traz a recordação da autonomia desta igreja particular da Rainha do Brejo.

Caríssimos, através do realismo narrativo da cena do Evangelho, onde o cego é evidenciado, impõe-se o paradoxo da situação. O cego, condenado por sua doença e reprimido pelo povo, percebe o que os outros não veem. Ouve mencionar Jesus de Nazaré, invoca o “filho de Davi”. A sua fé, embora imperfeita, é um órgão mais penetrante: “não tendo olhos, vê”. Por ela receberá de Jesus o dom da visão recuperada. Nele, cumprem-se as profecias: “verão a glória do Senhor... abrir-se-ão os olhos dos cegos”. Imediatamente “segue” Jesus, que o mandara “chamar”. Um itinerário exemplar, de fé e iluminação, chamado e seguimento.

São Marcos refere que, já à saída de Jericó, havia uma “grande multidão” que seguia Jesus. Isso nos é importante porque Jesus sempre atraiu as multidões, mas, NUNCA FOI MULTIDÃO.

Cabe lembrar de que Jesus é descendente legítimo de Davi, anunciado e esperado. O povo repreende o cego porque grita e pelo que grita. Afinal, é o grito da confissão messiânica. Jesus aceita a confissão, além de confirmá-la como brotada da fé. Para “subir” a Jerusalém partindo da Transjordânia, Jesus tem de atravessar o Jordão e passar pela cidade das palmeiras, Jericó, refazendo de certo modo o itinerário dos israelitas.

Na última parte do percurso, tem lugar um acontecimento singular, que aumenta a expectativa sobre aquilo que está para suceder, fazendo com que a atenção geral se concentre ainda mais em Jesus. Bartimeu recuperou a vista e começou a seguir Jesus pela estrada. Depois deste sinal prodigioso precedido pela invocação “Filho de Davi”, de improviso levanta-se um frêmito de esperança messiânica no meio da multidão, fazendo com que muitos se perguntassem: Poderia este Jesus, que caminhava à sua frente para Jerusalém, ser o Messias, o novo Davi? Porventura teria chegado, com esta sua entrada já iminente na cidade santa, o momento em que Deus iria finalmente restaurar o reino de Davi?

Queria enlevar três expressões fundamentais para a reflexão de hoje: o grito; a visão; e a cura.

A Igreja sempre se importou com os sinais sensíveis, é por isso que ela é memorial e atualização a todo tempo. Sendo assim, temos três expressões da sensibilidade de Jesus: a partir da audição, quando escuta o grito; da visão, quando o faz ver; e do tato, quando o cura. Meus irmãos, a Escritura está cheia de ações de Jesus, e se percebermos, a ação mais aparente de Jesus é o tato; o contato; o toque... o toque é muito importante para Ele. Por isso, a liturgia chega ao nosso íntimo, porque sentimos o toque de Deus nas palavras, nos exemplos, nas ações...

O que nos remonta à primeira leitura, onde os cegos enxergarão; os coxos andarão e as grávidas terão consolo e darão à luz sem tropeço, e todos gritarão jubilosos por Jacó, regozijando-vos dizendo: o Senhor salvou seu povo, o resto de Israel. Porque Ele escutou o nosso grito; fez-nos enxergar; e, curou-nos. Porque Ele ouviu, sentiu e tocou!

Aqui, podemos descobrir uma primeira grande incumbência: o convite a adotar a visão reta para com o outro. A visão que recebemos de Cristo é um olhar de bênção: um olhar sapiencial e amoroso, capaz de captar a beleza do mundo e condoer-se da sua fragilidade. Nesta visão, manifesta-se o próprio olhar de Deus sobre os homens que Ele ama e sobre a criação, obra das suas mãos. Isto é, olhar para com os homens que “ele escuta o grito”. Lemos no Livro da Sabedoria que, Deus, de todos tem compaixão, porque tudo pode, e trata com bondade, porque tudo é seu, pois é Senhor amigo da vida e do homem.

Ora, irmãos, o momento decisivo foi o encontro pessoal, direto, entre o Senhor e aquele homem que sofria. Encontram-se um diante do outro: Deus com a sua vontade de curar e o homem com o seu desejo de ser curado. Duas liberdades, duas vontades convergentes: “Que queres que Eu te faça?”, “Que eu recupere a vista!”. “Vai, a tua fé te salvou”. Com estas palavras realiza-se o milagre. Alegria de Deus, alegria do homem.

E Bartimeu, vindo à luz – narra o Evangelho – “começou a segui-lo no seu caminho”: isto é, torna-se um discípulo e sobe com o Mestre a Jerusalém, para participar com Ele no grande mistério da salvação. Esta narração, na essência da sua sucessão, recorda o itinerário do catecúmeno rumo ao Sacramento do Batismo, que na Igreja era também chamado “iluminação”. E todos nós só estamos aqui porque fomos iluminados (através da fé) para estar em Deus. A fé é um caminho de iluminação: parte da humildade de se reconhecer necessitados de salvação e chega ao encontro pessoal com Cristo, que chama a segui-l'O pelo caminho do amor.

E por que falar de iluminação no dia de hoje? Porque A esperança que guia os passos do povo e abre os olhos do coração para a salvação é a iluminação que nos advém de Deus. E, a partir desta introdução reiterada pela Luz que iluminou a Mãe de Deus, peço-lhes licença para recordar-lhes que Ela aparece “vestida de sol”, isto é, vestida de Deus (na Escritura) porque, de fato, é toda circundada pela luz de Deus e vive em Deus. Esse símbolo da veste luminosa claramente expressa uma condição que diz respeito a todo o ser de Maria: Ela é “cheia de graça” (e aquilo que é cheio, é transbordante; está completo, não necessitando de complemento). Eis, portanto, que a “plena de graça”, ilumina, por ser iluminada, o caminho dos seus; refletindo com toda a sua pessoa a luz do “sol” que é Deus.

Portanto, não teria título mais belo para estas terras que o título de Senhora da Luz; por ser Mãe da Luz do mundo e por ser iluminada pela mesma. Maria é uma luz para a revelação dos gentios e a glória de vosso povo, Israel. Por isso, recebeu em seus braços, o Rei da Glória, da nova luz. A Virgem aproxima-se trazendo ao colo o Filho que gerou antes do sol. Por fim, que a luz que promana da figura de Maria ajude-nos a compreender o verdadeiro sentido da iluminação. Afinal, em Maria está plenamente viva e concreta aquela relação com Deus e o homem.

Dom Aldemiro, recordo que Maria além de estar cheia de luz, foi promissora pela sua alegria, porque se entregou à iluminação com alegria e pela alegria. E, recordando disto, percebo que escolheste a alegria. Afinal, “servir com alegria” foram as palavras que escolheste para conduzir esta igreja; para escutar o grito, enxergar e tocar cada ovelha que necessite da alegria. Servir com alegria é teu lema; faça dele uma verdadeira iluminação em tua vida. Digo: peça à Senhora da Luz que ilumine seus passos para assim, servir sempre com alegria e gritar como Bartimeu: O Messias, o Filho de Davi, me curou! 



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