Dom Dulcênio preside Missa de Abertura do Capítulo Provincial dos Frades Menores Capuchinhos da Província N. Sra. da Penha do Nordeste

Postado em 18/11/24 às 22:088 minutos de leitura64 views


Os Frades Menores Capuchinhos da Província Nossa Senhora da Penha, que abrange os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, estão reunidos no Convento de Santo Antônio, em Ipuarana, Lagoa Seca (PB), para o Capítulo Provincial. O evento, realizado de 18 a 21 de novembro, é um momento de escuta, oração e fraternidade, no qual os religiosos avaliam a caminhada do governo trienal, discutem relatórios econômicos, pastorais e administrativos, e traçam planos para o próximo triênio.

A missa de abertura foi celebrada por Dom Dulcênio Fontes de Matos, Bispo Diocesano de Campina Grande, que expressou alegria em acolher os franciscanos e participar desse momento significativo para a ordem. Um dos destaques do encontro é a eleição do novo governo provincial, que conduzirá a Província nos próximos três anos

Lideranças como Frei Franklin Diniz e Frei Silvio, Vigário Geral da Ordem, também marcam presença no evento, reforçando a importância do Capítulo para a renovação e continuidade da missão dos Capuchinhos no Nordeste do Brasil. O encontro promove a união entre as 13 fraternidades da Província, fortalecendo o compromisso dos frades com sua missão espiritual e pastoral.

Homilia

Na abertura do Capítulo dos Capuchinhos, Dom Dulcênio refletiu sobre a vida e o testemunho de São Francisco de Assis, cuja radicalidade evangélica é um convite à conversão contínua. Ele iniciou sua homilia com um acolhimento caloroso e profundo, destacando a importância do momento vivido e a missão de unidade e comunhão que caracteriza a fraternidade. Ao enfatizar a eclesialidade e a espiritualidade franciscana, sublinhou a relevância de viver o Capítulo como um espaço de renovação, onde a fé e a fraternidade se entrelaçam para construir uma missão mais verdadeira e sólida.

“A historicidade se entrelaça com a religiosidade. E não menos importante: com a eclesialidade. Uma vez que falar de eclesialidade nessa tarde tão bonita (e fecunda), não a faz destoar do que realmente temos como Abertura Capitular. Até porque, no Capítulo deve-se viver a eclesialidade. E é esta mesma eclesialidade que os traz aqui, seja para mais um capítulo da história, seja também, como homens de fé, a estas terras longínquas da Vila Nova da Rainha; a Rainha da Borborema, desta Paraíba: a Campina Grande! A acolhida nesse Planalto da Borborema Paraibano só reforça que, precisamos muitas vezes subir ao monte para rezar, nos retirarmos ou até, lembrarmos que a comunhão é gerada na oração. Na oração que se faz no alto. O diálogo no Espírito não é simplesmente uma discussão entre pessoas. É, na verdade, uma experiência de oração, onde a cada rodada tem um silêncio para ouvir o Espírito, e neste caminho é que encontraremos o cego do qual nos salta à Palavra de hoje”, acolheu-os.

A reflexão sobre a cura do cego em Jericó, narrada no Evangelho, serve como ponto central de sua mensagem. A pergunta de Jesus – "O que queres que eu faça por ti?" – é um convite à introspecção e à busca de uma visão renovada, não só física, mas também espiritual. Dom Dulcênio nos lembra que a fé do cego o conduziu à salvação, e que sua cura é mais que um simples milagre; é uma transformação radical de vida, que nos chama a seguir o exemplo de Francisco, sempre em busca de imitar o Cristo pobre e crucificado.

“O cego que reconhece o Messias contrasta com a cegueira mental dos doze. O rico que se converte revela o que é possível para Deus. O cego, sem ver, já conhece o Filho de Davi. Se é importante e significativa a cura que Jesus efetua, não o é menos no relato a confissão do cego em três tempos. Primeiro, reconhece-o como Messias sucessor de Davi, depois chama-o de Senhor, finalmente dá glória a Deus e segue Jesus. É um itinerário para todos os que se convertem: podemos recordar que o batismo se chamou “iluminação”; estes a fé salva. Jericó impõe uma descida profunda antes da subida definitiva para Jerusalém”

O tema escolhido para este Capítulo, “Das chagas à vida: a ferida como lugar de renovação”, ressoa a profunda espiritualidade franciscana que encontra no sofrimento e na fragilidade humana um caminho para a plena vivência do Evangelho. Dom Dulcênio exortou que, como filhos de Francisco, devemos viver com o coração aberto à dor do mundo, mas também à luz transformadora de Cristo, que cura e renova. Ele destaca a importância de não perder de vista a missão de viver em pobreza, obediência e castidade, como balizas que nos guiam no caminho da santidade.

“Do ponto de vista antropológico e cristológico, as chagas de São Francisco podem ser interpretadas como uma busca pela imitação radical de Cristo e uma expressão extrema de solidariedade e de partilha na condição humana, com os que sofrem neste mundo. Francisco, ao aceitar as chagas, identificou-se não apenas com a glória de Cristo, mas também com suas dores e sacrifícios, consequências pertinentes ao ser humano que se configura a Cristo sofredor. A aceitação das chagas simboliza, então, um elo entre o humano e o divino que tem, em Francisco, a necessidade de unir-se para a plenitude da vida. Essa fusão de espiritualidade e encarnação na experiência humana é um fenômeno cristológico fascinante na inteireza do Ser no mundo como presença real do Sagrado no meio e no espaço em que se encontra cada pessoa”, destacou.

Finalmente, o Bispo lembrou que a verdadeira renovação espiritual acontece quando, como São Francisco, nos configuramos ao Crucificado e nos dispomos a curar as feridas do mundo. Ele conclui sua homilia com uma oração, pedindo a intercessão de Nossa Senhora e de São José Escrivá para que este Capítulo seja um tempo de luz e discernimento, para que cada frade possa "enxergar bem e, novamente", vivendo sua vocação com plena fidelidade ao espírito de São Francisco.

“Que belo momento para se pensar numa Fraternidade de Menores num caminho que busca CURAR! A cura de hoje é para o cego; ou para os cegos, que não conseguem enxergar, e precisam pedir pela visão novamente. Ora, aquele cego, pelo que o Evangelho deixa soar, um dia já enxergou; por isso, estava buscando enxergar novamente. Lembrem: tornar-se-ão verdadeiros filhos de Francisco e homens configurados ao Crucificado se conseguirem curar as feridas e passarem a enxergar bem e, novamente! Por fim, peço a Deus que os conduza nesse momento capitular, bem como a Virgem Imaculada dos Menores, pelos cuidados de São Francisco (Pai Seráfico e patrono desta Ordem) para que sejam felizes e encontrem respostas para viverem como frades das chagas à vida! Nossa Senhora da Penha, padroeira desta Província, rogue por vocês! E, encerro com uma palavra de São José Escrivá: ‘QUE EU VEJA!’”, findou.

Por: Ascom Diocese
Fotos: Assessoria de Comunicação Convento Ipuarana

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