30º Domingo do Tempo Comum – Cura do cego Bartimeu: Missa na Catedral e em Umbuzeiro-PB
Na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, na manhã deste
domingo, 27, foi celebrada a Missa do Lar sob a presidência do Bispo Diocesano,
Dom Dulcênio Fontes de Matos, com a presença do diácono Anderson que prestou assistência litúrgica à celebração. Durante a missa, o bispo rezou junto aos fiéis pelas
eleições municipais em Campina Grande, pedindo bênçãos para a cidade.
A homilia de Dom Dulcênio na Catedral, foi uma reflexão sobre
a busca de Deus, centrando-se na figura de Bartimeu, um cego que clama por
ajuda. A liturgia do XXX Domingo do Tempo Comum nos convida a entender que essa
busca não é apenas uma iniciativa humana, mas também uma resposta à busca de
Deus por nós. A ideia central é que, mesmo na nossa fragilidade e cegueira
espiritual, somos sempre vistos e amados por Deus, que nos busca com
misericórdia.
“No Evangelho, pelos gritos de Bartimeu - “‘Jesus, filho de
Davi, tem piedade de mim!’ [...] 'Filho de Davi, tem piedade de mim!’” (Mc
10,47.48) - temos esse movimento do coração humano, que encontra o seu veraz
contentamento no processo contínuo de busca e de encontro com o Senhor, “que
sempre Se deixa encontrar” (Is 55,6); processo que independe dos olhos do
corpo, mas que, necessariamente, prescinde do olhar da alma que vagueia para
ver bem, para ver o Bem, pois, invocando o pensamento do escritor do clássico
“O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry, que pôs na boca da raposa o
ensinamento ao Pequeno Príncipe: “só se vê bem com o coração”, porque ‘o
essencial é invisível aos olhos’”, pregou.
Bartimeu exemplifica essa busca quando, ao ouvir Jesus, deixa
de lado seu manto, símbolo de sua vida de mendicância, e se levanta para
encontrar o Senhor. A cura de Bartimeu é resultado de sua fé, que é reconhecida
e valorizada por Jesus. O momento em que ele clama “Mestre, que eu veja!”
revela não apenas seu desejo de cura física, mas também uma busca por uma nova
vida em Cristo. A ação de Bartimeu nos inspira a reconhecer que, embora Deus
não precise de nós, Ele nos busca para nos trazer ao Seu amor.
“Cristo, como Deus, já conhecia a procura da luz como sentido
de vida de Bartimeu. O Senhor respeita e valoriza o grande olhar da fé que
aquele homem possuía; tanto é que as palavras de cura outras não foram senão:
“Vai, a tua fé te curou” (Mc 10,52), após ter levado Bartimeu a confessar:
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51). E, assim, também vamos percebendo como o
Senhor tem paciência conosco, com as nossas demoras, desde que Lhe sejamos
honestos e sempre O busquemos, não obstante os momentos das nossas pequenas
cegueiras no caminho da fé, que nos fazem obscurecer a graça, que sempre se
propõe diante de nós. Outro gesto que podemos pontuar de Bartimeu - e que
parece apenas um detalhe irrisório - é o movimento de levantar-se de sua
indignidade, da sua mendicância, com resolução, pois sabia que, a partir
daquele encontro, nada mais seria como antes - “O cego jogou o manto, deu um
pulo e foi até Jesus” (Mc 10,50)”, refletiu.
Missa em Umbuzeiro-PB
Ainda neste domingo, 27, no turno vespertino, a comunidade
paroquial de Umbuzeiro-PB se reuniu para a missa Festiva de Nossa
Senhora do Livramento, presidida por Dom Dulcênio. O
Pároco, Padre José Marcos acolheu o líder religioso, expressando gratidão pela
sua presença entre os fiéis.
Na homilia pregada à comunidade paroquial de Umbuzeiro, Dom
Dulcênio, focou na transformação de Bartimeu. A atitude de Bartimeu reflete um
discernimento profundo, que vai além da cura física, permitindo que ele veja
com o coração. A ordem de Jesus para "ir" é, na verdade, um convite
para que Bartimeu tome uma decisão consciente e escolha o caminho do Reino de
Deus, demonstrando sua fé e disposição para uma vida nova.
“Percebemos em Bartimeu esta predisposição para, por meio de
novos horizontes de viver, mudar de rumo: Bartimeu é um homem aberto. E quando
classificamos os horizontes pelo adjetivo “novos”, não o fazemos por qualquer
motivo, mas para designar que aquele cego, já entrevendo com o coração Deus, deseja
fazer uma experiência com a Sua misericórdia (que sempre rejuvenesce o homem,
porque é sempre nova e nos traz a novidade de Deus). Por isso, grita mais e
mais: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim! […] Filho de Davi, tem piedade
de mim!” (Mc 10,47.48). Esta predisposição para um viver renovado no amor de
Deus – e a partir deste mesmo amor – vem expressa por sua atitude de, não
calando a sua voz sufocada pelo vozerio da multidão e pela repreensão que lhe
faziam, ao saber que Jesus o chamava, corajosamente, jogar o manto, dar um pulo
e ir a Jesus”, disse.
O bispo ressaltou que o verdadeiro discernimento envolve uma
relação aberta com Deus, reconhecendo que a busca pela verdade deve sempre
incluir a possibilidade de mudança, permitindo que o Senhor guie nossas
decisões. Bartimeu escolhe permanecer com Jesus "pelo caminho", que
simboliza um estilo de vida de discipulado. Essa escolha nos convida a refletir
sobre nossa própria caminhada de fé, reconhecendo que, ao nos deixarmos guiar
por Cristo, podemos superar a cegueira espiritual e nos reconstruir na
misericórdia divina.
“O cego discerniu e optou por permanecer com Cristo “pelo
caminho”. Este adjunto adverbial, muito mais do que um lugar geográfico
propriamente dito, é um estilo de vida. E, nós, anteriormente cegos pelo
pecado, ao nosso encontro avassalador com Jesus, discernindo-nos por Ele,
somente no Caminho-Igreja, seguindo a Sua doutrina salvadora, porque é
Revelação Divina, é que permanecemos com o Senhor, fora de Quem tudo é
escuridão, treva. Discernir-nos por Cristo, permanecendo no Seu caminho, na Sua
Igreja, é construir uma consciência de si na própria verdade; é ver-se como
Deus nos vê, na experiência da Sua misericórdia”, concluiu.
Por: Ascom
Fotos: Pascom Catedral e Pascom Umbuzeiro