Missa e Crisma são realizadas na Paróquia de Lagoa Seca-PB
Neste sábado, 26 de outubro, Dom Dulcênio Fontes de Matos,
Bispo Diocesano de Campina Grande, presidiu a Santa Missa do 30º Domingo do
Tempo Comum na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Lagoa Seca-PB.
A celebração foi marcada pela Crisma de 143 jovens e adultos da zona rural, um
momento significativo para a comunidade. O Pároco, Padre Aparecido Camargo, deu
as boas-vindas ao Bispo e destacou a importância deste evento, expressando
gratidão pela presença de Dom Dulcênio e pela confirmação da fé do povo de
Deus, concelebrou também o vigário paroquial, Padre Valdir Campelo.
A homilia de Dom Dulcênio para o XXX Domingo do Tempo Comum,
foi uma rica interpretação do encontro de Jesus com Bartimeu, o cego que clama
por cura. Essa passagem, situada na saída de Jericó, é carregada de simbolismos
que falam não apenas do indivíduo Bartimeu, mas também da condição da
humanidade.
Inicialmente, refletindo sobre Jericó, o Bispo disse ser uma
cidade carregada de história e simbolismo. No Antigo Testamento, a conquista de
Jericó marca a entrada do povo de Israel na Terra Prometida. Assim, a saída de
Jesus dessa cidade representa a superação de sistemas antigos e ultrapassados,
que Bartimeu, em sua cegueira, exemplifica. O fato de Bartimeu estar fora da
cidade sugere uma ruptura com essas estruturas, simbolizando uma busca por algo
maior.
“Jericó, hoje, é considerada a cidade mais antiga do mundo
que ainda existe. E isso também nos é uma mensagem: o cego Bartimeu estava fora
dos sistemas caducos, ultrapassados, por estar fora da velha Jericó. Passemos
para o simbolismo do nome do cego. Bartimeu (Bartimaios) é uma palavra híbrida
do aramaico bar (filho) e do grego timaios (honorável). O seu nome pode ser
também traduzido como ‘filho da impureza, da maldade’. Logo, se Bartimeu estava
fora da cidade de Jericó, que representa o sistema ultrapassado do judaísmo, a
tradução do seu nome (com caracteres gregos, inclusive) e a sua significação
representam o fato de ser o cego uma figura do variado povo pagão, que vivia
nas sombras, na escuridão, e que, por misericórdia, por piedade do próprio
Deus, é iluminado”, pregou.
O Bispo também falou sobre a transformação de Bartimeu; ele,
que estava "sentado à beira do caminho", ao ser curado, levanta-se e
começa a seguir Jesus, simbolizando uma nova direção na vida. Este ato de se
levantar e seguir o "Caminho" representa a adesão a uma nova vida de
fé e discípulo, deixado para trás o manto da cegueira espiritual.
“Ouso dizer que Bartimeu era duplamente cego e duplamente
pobre, não enxergando com os seus olhos fisiológicos, com sérias dificuldades
espirituais de enxergar Deus; financeiramente pobre e miseravelmente sem Deus.
Como lhes disse, ele é um sério retrato da humanidade decaída. Porém,
caracteriza-o a sua abertura interior à luz e à verdadeira riqueza – Deus – a
quem desejava experimentar, porque d’Ele carecia. Por isso, gritava, insistentemente.
Para caminhar, para ser discípulo, Bartimeu – agora filho da Luz, não mais da
impureza, da maldade; mas, em Cristo, filho de Deus –, corajosamente,
levantou-se, largou o manto, e, num salto, ressignificou a vida a partir de
Jesus, sendo curado pela fé, e, portanto, deixando-se guiar por toda a vida por
esta virtude teologal”, refletiu.
O Bispo de Campina Grande também falou sobre a o papel da
Oração e da persistência, conforme instruiu. A oração, mesmo em meio ao tumulto
da vida, é vista como um meio de reconectar-se com a luz de Cristo. A
insistência de Bartimeu em clamar por ajuda serve como um modelo de como
devemos buscar a Deus, mesmo quando enfrentamos dificuldades ou distrações.
Dom Dulcênio conclui a homilia pedindo que todos nós nos deixemos iluminar pela
luz divina, reconhecendo a importância da fé e da busca por Deus em nossas
vidas. Bartimeu, que antes era visto como um marginalizado, se torna um exemplo
de fé e transformação.
“Quando insistimos na oração com toda veemência, Deus se
detém em nosso coração e recuperamos a vista perdida. Passar é próprio da
humanidade e estar é próprio da divindade. O Senhor, ao passar, olhou para o
cego que clamava e, ao deter-se, o iluminou, porque com por sua humanidade se
compadeceu das vozes de nossa cegueira. Mas nos infundiu a luz de sua graça
pelo poder de sua divindade. Para isto, nos pergunta o que queremos, a fim de
animar-nos a orar. Quer, pois, que peçamos o que Ele prevê que lhe pediremos e
que nos concederá. […] O cego não pede ao Senhor ouro, e sim a vista, para que
busquemos não as falsas riquezas, mas a luz que podemos ver somente nós e os
anjos, a cuja luz nos concede a fé. Por isto disse muito oportunamente ao cego:
‘Vê, a tua te salvou!’. Ele o vê e o segue, porque pratica o bem que conhece”,
findou.
Por: Ascom
Fotos: Pascom Paroquial
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