Festa de São Francisco de Assis é realizada no Convento, no bairro da Conceição, em Campina Grande
Nesta sexta-feira, 04 de outubro, o Convento Franciscano,
situado no bairro da Conceição, em Campina Grande, está em festa em homenagem
ao seu grande Padroeiro, o Pobrezinho de Assis. Às 12h, uma missa solene foi
presidida pelo Excelentíssimo e Reverendíssimo Bispo Diocesano, Dom Dulcênio
Fonte de Matos, e contou com a concelebração do Pároco Frei Wellington e do
vigário Frei Carlos Antônio. Também estiveram presentes o Diácono Marco Danillo
e os seminaristas. Os fiéis se reuniram em um clima de muito louvor e devoção, participando
em bom número na igreja conventual para celebrar essa data tão especial.
Durante a homilia, Dom Dulcênio ressaltou o legado inspirador
de São Francisco, que abdicou de suas riquezas para seguir a Cristo na pobreza,
fundando uma das mais importantes ordens religiosas da história. Ao pontuar com
ênfase a pobreza de São Francisco e a do cristão contemporâneo, o bispo falou
da importância de um desapego que vai além das posses materiais, buscando uma vida
centrada na confiança em Deus e na prática do amor ao próximo.
Conforme pregou o Bispo de Campina Grande, São Francisco, que
nasceu em uma família rica, encontrou sua verdadeira vocação no caminho da
pobreza. Sua experiência mística em São Damião, onde recebeu a missão de
reconstruir a Igreja, simboliza essa transição de uma vida de abundância para
uma de simplicidade e devoção. Para ele, a pobreza não era apenas uma condição
social, mas uma virtude que permitia um relacionamento mais profundo com Deus e
um testemunho vivo para a comunidade.
“Como sabemos, São Francisco nasceu em 1182 na cidade de
Assis (Itália), no seio de uma família abastada. Mas, iniciado o seu processo
de conversão, viveu e pregou infatigavelmente a pobreza e o amor de Deus a todos
os homens. Os séculos XII e XIII foram um período em que eram grandes o brilho
externo e o poder político e social de muitos eclesiásticos. O Senhor, que
sempre age na história elevando os humildes (cf. Lc 1,51-52), chamou São
Francisco para que a sua vida pobre fosse um fermento novo naquela sociedade
que, pelo seu apego aos bens materiais, se afastava cada vez mais de Deus”.
Ainda segundo o bispo, os cristãos de hoje enfrentam um
desafio semelhante, mas em um contexto diferente, marcado pelo consumismo e
pela superficialidade. A pobreza do cristão comum – seguiu explicando – deve
manifestar-se através do desapego, da solidariedade e da disposição para
partilhar, mesmo que isso se dê de maneira diferente da experiência
franciscana. “A virtude da pobreza, portanto, torna-se uma prática que se
adapta à vida cotidiana, onde é necessário equilibrar as necessidades materiais
com a busca espiritual”, explicou inicialmente .
O Bispo também convidou-nos a questionar nossa relação com os
bens que possuímos e a examinar se, de fato, vivemos com um coração
desprendido. É fundamental considerar se estamos prontos para nos desapegar do
que nos prende, para nos tornarmos verdadeiros instrumentos de amor e de paz no
mundo.
Continuando com a sua pregação, disse o bispo que a pobreza,
como ensinou São Francisco, é um caminho de liberdade que nos leva a nos
aproximar de Cristo, servindo como um lembrete constante de que, em última
análise, nossa verdadeira riqueza reside na fé e na generosidade. Assim, ao
olharmos para a vida do Santo de Assis, somos chamados a nos tornar também nós,
fermento de transformação, em meio aos desafios do mundo atual.
“A pobreza, muito mais do que uma carência, é, sobretudo, uma
virtude crist? que o Senhor pede a todos - religiosos, sacerdotes, mães de
família, profissionais, estudantes… -, mas é evidente que os cristãos que estão
no meio do mundo devem vivê-la de um modo bem diferente de como a viveu São
Francisco e de como a vivem os religiosos que, pela sua vocação, devem dar um
testemunho de certo modo público e oficial da sua consagração a Deus. O mesmo
acontece com as demais virtudes crist?s - a temperança, a obediência, a
humildade, a laboriosidade... -, que, sendo virtudes que devem ser vividas por
todos os que querem seguir a Cristo, cada um deve aprender a viver de acordo
com a sua vocação”, refletiu.
“O leigo, no mundo cada vez mais materialista, que preza pela
descartabilidade das coisas e das pessoas, deve aprender como se aprende um
caminho, uma rota que se deseja seguir a compatibilizar "dois aspectos
que, à primeira vista, podem parecer contraditórios: pobreza real, que se note
e que se toque - feita de coisas concretas, que seja uma profissão de fé em
Deus, uma manifestação de que o coração não se satisfaz com coisas criadas, mas
aspira ao Criador, desejando saturar-se de amor a Deus e depois dar a todos
desse mesmo amor", tal como pregava São Josemaría Escrivá (Questões atuais
do cristianismo, n. 110), e, ao mesmo tempo, a sua condição secular, que lhe
exige que seja "mais um entre os seus irmãos os homens, de cuja vida
participa, com quem se alegra, com quem colabora, amando o mundo e todas as
coisas criadas, a fim de resolver os problemas da vida humana e estabelecer o
ambiente espiritual e material que facilite o desenvolvimento das pessoas e das
comunidades", concluiu.
Por: Ascom
Fotos: Rafael Augusto