História da Missão no Nordeste brasileiro: aula de campo de alunos da Teologia do Seminário
Missiologia: estudo da missão. É este o motivo da aula de
campo realizada pela turma do 3º Ano de Teologia do Seminário São João Maria
Vianney, sob a tutela do Pe. João Jorge Rietveld, diretor do Centro de Estudos
do Seminário e professor da disciplina. A aula de Campo foi realizada durante
os dias 13 a 16 de novembro, e passou por inúmeros locais onde foi marcada a
Missão na região nordeste do Brasil.
Visita à região de Canudos-BA
A primeira parada da visita se deu na cidade baiana de
Canudos, conhecida pelas disputas realizadas no fim do século XIX, para conter
as ações tidas como insurgentes da parte de Antônio Conselheiro e seu rebanho.
Os seminaristas percorreram uma boa parte das estradas de terra que rasgam a
região de Canudos velha, visitando os locais históricos onde se desenrolou toda
a tragédia que vitimou inúmeros devotos e beatos, bem como foram ceifadas as
vidas de inúmeros militares que arregimentaram-se de muitos lugares do país
para conter a suposta insurreição. A visita foi conduzida por um guia,
descendente dos sobreviventes, que apresentou todo o espaço e alguns locais
especiais como o chamado “Campo de morte”, onde eram inumados os corpos das
vítimas, e a vista para o açude de Cocorobó, que desde sua construção na década
de 1960, cobriu as antigas ruínas do que sobrou da segunda Canudos. No local,
os seminaristas leram algumas passagens do livro “Os sertões” de Euclides da
Cunha, como que rememorando a tragédia ali ocorrida.
Visita às ilhas do São Francisco
Na terça-feira foi mais um momento de muito entusiasmo: a
visita às ruínas das missões dos frades capuchinhos nas ilhas que existem no
Rio São Francisco, na altura da cidade pernambucana de Orocó. Os seminaristas e
o Pe. João Jorge estiveram acompanhados pela secretaria de turismo da cidade, a
senhora Anastácia Vasconcelos. Na chamada “Ilha da Vila” foram observadas as
ruínas de uma Igreja que ali se alteava, de orago incerto, possivelmente sendo
Nossa Senhora da Assunção. Em seguida, foi visitado a ilha de São Félix, onde
foram acolhidos pelos habitantes da ilha, que além de oferecerem uma farta
refeição, realizaram a apresentação do “Reizado”, um costume cultural da
localidade. Às ilhas foram local da missão do Frei Martinho de Nantes,
capuchinho francês que missionou no Brasil em fins do século XVII, e também foi
um dos primeiros missionários que chegou no território da atual Diocese de
Campina Grande. Serviu de inspiração um escrito seu, a “Relação de uma missão
no Rio São Francisco”.
Visita à Petrolina-PE
Dentro da programação da visita também foi feita uma parada
na cidade de Petrolina, onde foram visitadas a Catedral do Coração de Jesus
Cristo Rei, erigida pelo primeiro Bispo de Petrolina, Dom Maria Malan. Também
foram visitados o Palácio Episcopal, que se encontra em serviço de restauro, e
a Igreja Matriz, a primeira Igreja da cidade.
Visita ao Crato-CE
A Catedral de Nossa Senhora da Penha, no Crato, também foi
motivo da visita, uma vez que se insere no contexto próximo à vida e obra do
Pe. Cícero, sendo o lugar onde ele fora batizado. Além da Catedral do Crato,
também foi realizada uma visita ao Seminário do Crato, sob a proteção de São
José, onde foram acolhidos pelos seminaristas que lá residem e conheceram as
instalações do Seminário, fundado no fim do século XIX.
Visita ao Juazeiro-CE
O último dia da Viagem foi marcado pela visita ao Juazeiro,
lugar onde missionou e foi fundador o Pe. Cícero Romão Batista. O primeiro
compromisso do dia foi uma Missa celebrada na Capela do Perpétuo Socorro, onde
estão os restos mortais do Pe. Cícero, presidida pelo Pe. João Jorge. Em
seguida foram feitas visitas na Basílica de Nossa Senhora das Dores, a estátua
de Pe. Cícero no monte do Horto, e os santuários do Coração de Jesus e de São
Francisco das chagas. Toda a acolhida na cidade de Juazeiro ficou por parte dos
padres da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, a mais antiga do Juazeiro.
Dentre todo o percurso realizado pelo Padre João Jorge junto
aos seminaristas, algo se concretiza: o valor histórico cultural proporcionado
à turma do 3º Ano de Teologia do Seminário, sem dúvidas, uma aula extraclasse
que entrará para a história dos jovens.
Com informações e fotos: Seminarista Humberto Carneiro