História da Missão no Nordeste brasileiro: aula de campo de alunos da Teologia do Seminário

Postado em 17/11/23 às 09:576 minutos de leitura331 views


Missiologia: estudo da missão. É este o motivo da aula de campo realizada pela turma do 3º Ano de Teologia do Seminário São João Maria Vianney, sob a tutela do Pe. João Jorge Rietveld, diretor do Centro de Estudos do Seminário e professor da disciplina. A aula de Campo foi realizada durante os dias 13 a 16 de novembro, e passou por inúmeros locais onde foi marcada a Missão na região nordeste do Brasil.

Visita à região de Canudos-BA

A primeira parada da visita se deu na cidade baiana de Canudos, conhecida pelas disputas realizadas no fim do século XIX, para conter as ações tidas como insurgentes da parte de Antônio Conselheiro e seu rebanho. Os seminaristas percorreram uma boa parte das estradas de terra que rasgam a região de Canudos velha, visitando os locais históricos onde se desenrolou toda a tragédia que vitimou inúmeros devotos e beatos, bem como foram ceifadas as vidas de inúmeros militares que arregimentaram-se de muitos lugares do país para conter a suposta insurreição. A visita foi conduzida por um guia, descendente dos sobreviventes, que apresentou todo o espaço e alguns locais especiais como o chamado “Campo de morte”, onde eram inumados os corpos das vítimas, e a vista para o açude de Cocorobó, que desde sua construção na década de 1960, cobriu as antigas ruínas do que sobrou da segunda Canudos. No local, os seminaristas leram algumas passagens do livro “Os sertões” de Euclides da Cunha, como que rememorando a tragédia ali ocorrida.

Visita às ilhas do São Francisco

Na terça-feira foi mais um momento de muito entusiasmo: a visita às ruínas das missões dos frades capuchinhos nas ilhas que existem no Rio São Francisco, na altura da cidade pernambucana de Orocó. Os seminaristas e o Pe. João Jorge estiveram acompanhados pela secretaria de turismo da cidade, a senhora Anastácia Vasconcelos. Na chamada “Ilha da Vila” foram observadas as ruínas de uma Igreja que ali se alteava, de orago incerto, possivelmente sendo Nossa Senhora da Assunção. Em seguida, foi visitado a ilha de São Félix, onde foram acolhidos pelos habitantes da ilha, que além de oferecerem uma farta refeição, realizaram a apresentação do “Reizado”, um costume cultural da localidade. Às ilhas foram local da missão do Frei Martinho de Nantes, capuchinho francês que missionou no Brasil em fins do século XVII, e também foi um dos primeiros missionários que chegou no território da atual Diocese de Campina Grande. Serviu de inspiração um escrito seu, a “Relação de uma missão no Rio São Francisco”.

Visita à Petrolina-PE

Dentro da programação da visita também foi feita uma parada na cidade de Petrolina, onde foram visitadas a Catedral do Coração de Jesus Cristo Rei, erigida pelo primeiro Bispo de Petrolina, Dom Maria Malan. Também foram visitados o Palácio Episcopal, que se encontra em serviço de restauro, e a Igreja Matriz, a primeira Igreja da cidade.

Visita ao Crato-CE

A Catedral de Nossa Senhora da Penha, no Crato, também foi motivo da visita, uma vez que se insere no contexto próximo à vida e obra do Pe. Cícero, sendo o lugar onde ele fora batizado. Além da Catedral do Crato, também foi realizada uma visita ao Seminário do Crato, sob a proteção de São José, onde foram acolhidos pelos seminaristas que lá residem e conheceram as instalações do Seminário, fundado no fim do século XIX.

Visita ao Juazeiro-CE

O último dia da Viagem foi marcado pela visita ao Juazeiro, lugar onde missionou e foi fundador o Pe. Cícero Romão Batista. O primeiro compromisso do dia foi uma Missa celebrada na Capela do Perpétuo Socorro, onde estão os restos mortais do Pe. Cícero, presidida pelo Pe. João Jorge. Em seguida foram feitas visitas na Basílica de Nossa Senhora das Dores, a estátua de Pe. Cícero no monte do Horto, e os santuários do Coração de Jesus e de São Francisco das chagas. Toda a acolhida na cidade de Juazeiro ficou por parte dos padres da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, a mais antiga do Juazeiro.

Dentre todo o percurso realizado pelo Padre João Jorge junto aos seminaristas, algo se concretiza: o valor histórico cultural proporcionado à turma do 3º Ano de Teologia do Seminário, sem dúvidas, uma aula extraclasse que entrará para a história dos jovens.

Com informações e fotos: Seminarista Humberto Carneiro 

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