Íntegra: Discurso de Dom Dulcênio na abertura da 42ª Assembleia Diocesana de Pastoral
A Diocese de Campina Grande deu início ao sua 42ª Assembleia
Diocesana de Pastoral e o Bispo Dom Dulcênio Fontes de Matos proferiu o
discurso inicial saudando a todos e desejando uma frutuosa assembleia.
Leia na íntegra.
42ª Assembleia Diocesana
de Pastoral
Centro Dom Luís
Gonzaga Fernandes,
Tambor, Campina
Grande – PB,
27 de outubro de
2023
“O que vimos, ouvimos e tocamos, nós vos anunciamos” (Cf. 1Jo 1,1). O autor sagrado, fazendo uma correlação com o prólogo do Evangelho, nos apresenta estes verbos que em muito falam à nossa caminhada eclesial: ver, ouvir, tocar e anunciar. Estes quatro verbos guiarão nossas reflexões nesta nossa Assembleia Diocesana, motivo pelo qual acolho fraternalmente a todos e desejo que tenhamos uma assembleia, sob a inspiração do Espírito Santo, de muita reflexão e compromisso para aperfeiçoar cada dia mais a nossa prática pastoral.
1. Ver. Este verbo é de capital importância para a caminhada dos filhos de Deus. Desde o início, Deus vê a criação e observa que tudo era bom. A visão de Deus contempla a obra sua e a projeta para além dos espaços e do tempo, dando o norte não somente para o real motivo de nossa ética, mas também apontando o caminho que devemos seguir: o bem. Se pensarmos, no entanto, em tudo o que o povo de Deus viu ao longo da história da salvação, poderemos saber que sempre o homem contemplou as grandes obras que Deus fez. E, contemplando com ardor o pedido daqueles tementes a Deus: o “queremos ver Jesus” (Jo 12,21), vemos o anseio de toda a humanidade, que não deseja outra coisa senão encontrar Aquele que pode salvar.
2. Ouvir. Este verbo pode se expressar em diversos outros: escutar, prestar atenção, obedecer, responder, entender... Em outras palavras, ouvir é a atitude de quem está disposto a obedecer. Não obedece quem não ouve. Porque para obedecer, é preciso dar ouvidos à voz de alguém superior a nós. Neste sentido, também a caminhada do povo de Deus é recheada de momentos em que a voz de Deus se manifestou e o homem não ouviu, desde a criação, até os dias de hoje. Mas também em muitas ocasiões Deus falou e o homem não só ouviu como pôs em prática o que recebeu como mandato. O discípulo amado, reclinando a cabeça no peito do mestre, ouviu as batidas do seu coração, que não fez outra coisa senão amar.
3. Tocar. E a respeito deste verbo não precisamos ir muito longe, mas apenas precisamos observar os gestos de Jesus que toca a realidade humana. Ele, Deus e homem, mais que ninguém soube atestar com seu toque o que há de mais essencial no homem: suas vitórias e suas derrotas. E mais, no toque de Jesus – utilizando um verbo de nossa literatura – as realidades são metamorfoseadas, transplantadas de fatos de obscuridade para fatos de luz, de vida, de amor.
4. Anunciar. Esta é a nossa missão: anunciar a realidade da salvação que já nos foi comunicada em Cristo, mas que o próprio Cristo nos pede perenização. Meus irmãos, não fomos chamados para a inércia, para o comodismo, mas para sair e anunciar. A propósito, a união eclesial dos crentes, a comunhão verdadeira, só acontecerá quando todos abraçarmos a causa do anúncio e realização do Reino para a qual fomos convocados.
Por fim, meus
irmãos e minhas irmãs, que esta Assembleia sirva para nos lembrar que estes
quatro verbos devem nos apontar para o testemunho apostólico que devemos dar ao
mundo de hoje. Guiados pela Palavra de Deus, que é fonte da vida, fundados
na unidade que Deus mesmo nos pede e imbuídos pela vontade de ser cada dia mais
fiéis à sua vontade, caminhemos na alegria do testemunho, para que em nossa
Igreja local manifestemos cada vez mais a Igreja universal, na visão, na
escuta, no toque e no anúncio.
Amém.
Fotos: Joaquim Urtiga