Alocução Dom Dulcênio Fontes de Matos no Lançamento da Campanha da Fraternidade 2023

Postado em 23/02/23 às 18:153 minutos de leitura601 views

ALOCUÇÃO DO LANÇAMENTO DA CF 2023 – FRATERNIDADE E FOME

Paróquia de N. Sra. da Guia - Queimadas
23 de fevereiro de 2023

 

Reverendíssimo Pe. Luciano Guedes, Vigário Geral;

Reverendíssimo Pe. Francisco Evaristo, pároco desta comunidade e representante do clero;

Reverendíssimo Pe. José Alexandre, coordenador das campanhas;

Demais sacerdotes e diáconos;

Povo de Deus.

 

            “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16), eis o lema que inspira a CF deste ano. Meus irmãos, este mandato do Senhor Jesus soa cada vez mais forte diante da difícil realidade que assola muitos dos nossos irmãos: a fome.

Se para a sociedade humana a fome é um escândalo, pois nega a existência, para nós cristãos é um grande contratestemunho. Lembremos de que nas primeiras comunidades cristãs, na Igreja menina, não havia necessitados entre eles, como relata os Atos dos Apóstolos. 

É bem verdade que a humanidade sempre foi assolada por este tenebroso mal, porém o que antes era proporcionado por questões naturais, hoje é causado pela ação do homem.   Mea culpa, mea culpa: todos temos nossa parcela de culpa.

Faltam alimentos? Não! Temos em abundância, principalmente quando se trata do nosso país que é considerado o “celeiro do mundo”. Entretanto, um dos grandes problemas é que o feroz mercado financeiro considera os alimentos como mera mercadoria onde a “voz do lucro” fala mais alto enquanto milhares de pessoas gritam de fome. Temos alimento em abundância, repito, mas não chega na mesa de todos e um boa parte é desperdiçada.

Outros fatores fundamentais para extinção da fome são o aumento dos postos de trabalho e uma boa política de valorização do salário mínimo, pois a comida está sempre a venda, porém falta o recurso para a aquisição e o apoio a agricultura familiar, enfim, muitas são as vias, resta apenas arregaçar as mangas.

Voltemos a passagem que norteia a campanha. O Senhor havia se retirado para o deserto a fim de passar um tempo em recolhimento, entretanto, o povo o seguiu. Diante da opressão imposta pelos grupos políticos e religiosos, o povo encontrou em Jesus cuidado e atenção e Ele, ao vê-los, “encheu-se de compaixão” (Mt 14,14), interrompeu seus planos e lhes deu atenção, começando pelos doentes, os mais marginalizados entre eles.

Depois de um dia de trabalho, ao entardecer, os discípulos pediram que o Mestre despedisse a multidão para que eles procurassem comida. A resposta do Senhor foi mais que oposta ao pedido dos discípulos: responsabilizou-os pela alimentação de todos.

Embora envergonhados pela repreensão do mestre, os discípulos são sinceros e expõem sua condição, tinham pouca coisa, apenas 5 pães e dois peixes, mas oferecem tudo tinham e assim o problema começa a ser resolvido. Meus caros irmãos, são muitos os famintos, porém se cada um colocar a disposição o que tem, o pouco se torna muito, o milagre do amor acontece e todos são saciados.   

A espiritualidade quaresmal é alicerçada em três pilares, um deles é a caridade, eis, pois, meus irmãos, um tempo favorável para vivenciar a temática desta campanha. Na fé, façamos o jejum e pratiquemos a caridade. Entretanto, não nos contentemos com mero assistencialismo, lutemos, cada um dentro de suas possibilidades, por uma vida digna para todos os nossos irmãos. Assim, no final de nossas vidas, o Senhor poderá nos dizer: “Tive fome e me destes de comer”.

Que o Servo de Deus Pe. Ibiapina, apóstolo da caridade, interceda por nós nessa jornada.


Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo Diocesano de Campina Grande

 

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