Fragilidades sociais e eclesiais são temas de debate na Assembleia Pastoral Regional
“Os cenários de fragilidade na sociedade brasileira” foi o
tema da primeira conferência da Assembleia Pastoral Regional, nesta
quarta-feira (28), no Convento Ipuarana, em Lagoa Seca (PB). A palestra
destacou alguns aspectos que dialogam com o tema geral desta 57ª edição do
encontro: “Habitar a fragilidade como lugar teológico e pastoral”.
O conferencista foi o membro da Equipe de Análise de
Conjuntura Eclesial da CNBB e integrante da Comissão Teológica do Conselho
Episcopal Latino-Americano (Celam), padre Geraldo Luiz De Mori. O sacerdote,
que também é doutor em teologia, professor e coordenador docente, discutiu
cenários atuais e preocupantes da conjuntura brasileira como a fome, o desemprego,
o aumento da degradação do meio ambiente e da violência.
Segundo o padre De Mori, a pandemia de covid-19, quando não
matou, contribuiu para fragilizar pessoas no mundo inteiro, em particular em
áreas mais empobrecidas como o Regional Nordeste 2 da CNBB. O território é
formado pelos estados de Alagoas, da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do
Norte.
“Estamos sentindo as sequelas ainda hoje, sobretudo, nas
áreas da psicologia e psiquiatria. A pandemia também mudou muito o estilo de
viver a espiritualidade, com a suspensão de atividades presenciais, mas ela
também pode ser uma grande oportunidade de mudança de rota, de rumo, segundo o
Papa Francisco”, afirmou o sacerdote.
A partir da análise conjuntural, o palestrante questionou aos
cerca de 130 participantes da assembleia “Qual o lugar do indivíduo na
sociedade contemporânea?” A partir dessa reflexão, padre De Mori lembrou a
orientação do “cuidado com a Casa Comum”, proposta por Francisco na encíclica
Laudato si’.
“Temos a fragilidade também da Casa Comum que é como um
jardim. Deus plantou um jardim. O homem é guardião deste jardim. O que o
jardineiro está fazendo? Está matando este jardim”, destacou o sacerdote.
Fragilidade eclesial e escuta sinodal
Suscitados a refletir sobre as realidades da sociedade, os
participantes assistiram à segunda conferência que tratou do tema “Horizonte de
fragilidade eclesial à luz da escuta sinodal”. O tema foi apresentado pelo
padre Janilson Rolim, da Diocese de Cajazeiras (PB), e pelo bispo de Caicó (RN)
e vice-presidente da CNBB NE2, dom Antônio Carlos Cruz Santos.
A partir de um levantamento com as quatro arquidioceses e 17
dioceses do Regional, os palestrantes colocaram em discussão na assembleia os
pontos fortes e as maiores fragilidades de cada realidade eclesial no Nordeste
2.
Como fortalezas, apareceram os conselhos paroquiais ou
diocesanos, que funcionam como espaços de construção importantes para a vida da
Igreja. Também foram destacados os trabalhos das pequenas comunidades eclesiais
e da Pastoral da Comunicação (Pascom).
Do ponto de vista das fragilidades, 11 dioceses apontaram a
necessidade de uma melhor organização das celebrações. Já para 16 dioceses a
falta do diálogo ecumênico traz prejuízos à caminhada da Igreja, enquanto 17
destacaram o acolhimento como um ponto fraco da ação eclesial em seus
territórios.
Uma formação que leve em conta a fé na perspectiva de ocupar
os espaços políticos para uma busca por uma sociedade mais justa e fraterna, é
uma fragilidade presente em quatro dioceses da CNBB NE2. Pelo menos dez, indicaram
a responsabilidade eclesial e a falta de cuidado com os pobres e com a Casa
Comum. Já a fragilidade comum a todas as 21 dioceses do Regional, é o
clericalismo.
“O que Deus quer nos ensinar a partir destas fragilidades?”,
questionou dom Antônio Carlos. “É preciso buscar o discernimento, fazer obras
de justiça solidária vendo nos pobres o Cristo pobre, praticar a misericórdia
alegre e o amor por si mesmo, afinal somos criaturas de Deus e templo dele”,
salientou o bispo.
A manhã foi concluída com um debate entre os participantes da
assembleia, em vista à construção da Síntese – documento conclusivo da 57ª
Assembleia Pastoral Regional, que deverá apresentar as diretrizes para a ação
pastoral e missionária da Igreja, em 2023.
Fonte: CNBB NE 2
Fotos: Rafael Augusto, Pascom Diocesana de CG