Fase diocesana do Sínodo dos Bispos é aberta em Campina Grande
“O princípio da sinodalidade é a unidade. A imagem dos
apóstolos junto à Virgem Maria no cenáculo, perseverantes na oração, sobre os
quais “desceu” o Espírito Santo, é exemplo inspirador do caminho sinodal", lembrou o Bispo de Campina Grande, Dom Dulcênio Fontes de Matos, na abertura do
Sínodo dos Bispos na fase Diocesana
O Senhor Bispo presidiu a Santa Missa do Lar na
Catedral de Nossa Senhora da Conceição, neste domingo (17), tendo como
concelebrantes o Vigário Geral, Padre Luciano Guedes; o Coordenador de
Pastoral, Padre João Afonso, os Vigários forâneos, coordenadores das comissões,
contando com a presença de diáconos, religiosos, seminaristas e o povo de Deus.
Neste dia histórico para a Diocese e para toda Igreja,
haja vista, as demais dioceses do mundo inteiro também iniciaram suas fases
sinodais em comunhão com o Papa. A Igreja de Campina Grande se rejubila por
este passo conjunto que faz parte do processo de renovação vida sinodal da
Igreja mediante a consulta de todo o povo de Deus.
Dom Dulcênio em sua reflexão afirmou que ‘O Espírito
Santo é o protagonista do caminho sinodal’, e lembrou também, que a liturgia da
Santa Missa foi inspirada na celebração de Pentecostes. “A primeira leitura foi
extraída dos Atos dos Apóstolos, que são relatados os primeiros passos da
Igreja nascente. O Espírito se manifesta como um vendaval ao ouvido, como um
fogo aos olhos, mas permanece como transformação do pequeno rebanho em Igreja
Missionária. Também hoje, a Igreja de Cristo se reconhece pelo espaço que ela
dá ao Espírito e pela capacidade de proclamar sua mensagem”, comentou.
Ensinando que a Eucaristia é a expressão máxima da
comunhão entre os batizados, o Bispo de Campina Grande disse aos fiéis que é
por meio Dela, que a missão da igreja se fortalecerá; enfatizou que os cristãos
devem ser sal e luz, nas realidades adversas pelas quais a sociedade atravessa.
“Como discípulos de Cristo, ele nos pede que sejamos
sal da terra e, para ser sal da terra, temos que ser sal na vida cotidiana dos
homens. O Senhor adverte que se o sal perde o seu sabor, perde o poder que tem,
por sua própria natureza; os discípulos do Senhor também devem ser luz. A
natureza da luz é derramar a claridade e fazer desaparecer as trevas. Os
apóstolos de hoje somos nós, por escolha expressa do Senhor Jesus. Ele quis destinar-nos
a sermos lanternas que iluminam”, destacou.
A fase diocesana do Sínodo
A segunda parte da homilia de Dom Dulcênio tratou de
refletir as palavras do Papa Francisco que abriu o Sínodo há uma semana, em
Roma. O Bispo lembrou que esta é a primeira vez que o Papa estende a discussão
do sínodo dos Bispos à toda a Igreja. Disse ainda que, com este sínodo, o Papa
quer fazer um apelo aos cristãos católicos, ao chamado da unidade, da comunhão
e da fraternidade que nasce da consciência de serem abraçados pelo único amor
de Deus.
“Prezados, o Papa insiste no Encontro, na Escuta e no
Discernimento. E com estas disposições ora iniciadas pelo Papa e agora aqui em
nossa Igreja Particular, pretendemos caminhar unidos em oração prezando pela
estrita unidade eclesial que se dá a partir da voz do Pastor Diocesano. Ouçamos
queridos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, forças
vivas da nossa Igreja, ouçamos o Espírito Santo que quer falar-nos”, explicou
Dom Dulcênio.
Por fim, suplicou a presença da Mãe de Deus para este
processo que hoje foi iniciado na Diocese, que pela intercessão de Maria, o
Espírito Santo esteja sobre toda a Igreja sendo Ele mesmo o agente protagonista
de toda a peregrinação.
O Sínodo
A XVI Assembleia Ordinária Sínodo dos Bispos, possui como tema a própria sinodalidade da Igreja. O Sínodo dos Bispos é uma assembleia da Igreja que reúne os Bispos sob a condução do Sucessor de Pedro, isto é, o Papa, com a finalidade de refletir – de maneira conjunta – a caminhada e temas relevantes para o bem da igreja e da humanidade. A palavra sínodo, vem do grego sýnodos, junção das palavras Syn, “junto”, e Hodós, “caminho”, e significa “caminhar juntos”.
Confira a homilia na íntegra e as fotos mais abaixo:
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HOMILIA DA SANTA MISSA DE ABERTURA DA FASE DIOCESANA DO SÍNODO DOS BISPOS
Pe. Luciano Guedes, vigário geral;
Pe.
João Afonso, coordenador de pastoral
Queridos
padres vigários forâneos e coordenadores de comissões
Caríssimos
diáconos e religiosos;
Amados
seminaristas;
Irmãos
e irmãs diocesanos
Hoje
nos reunimos em nossa Igreja Catedral, como Diocese de Campina Grande, unidos
ao Santo Padre o Papa Francisco e em comunhão com toda a Igreja, para
oficializarmos em nossa Diocese a abertura do Sínodo dos Bispos, convocado por
Sua Santidade o Papa e já oficializado por ele na celebração da Santa Missa na
Basílica de São Pedro no domingo passado.
O
Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, é fruto do Concílio
Vaticano II e visa o envolvimento do episcopado junto ao sumo pontífice na
reflexão dos desafios da Igreja, como afirma São Paulo VI na Carta Apostólica
em forma de Motu Próprio Apostolica Sollicitudo: “Em nossa época, certamente
bastante agitada e cheia de tantos perigos, mas também aberta às influências
salutares da graça divina, a experiência cotidiana nos ensina que a união com
os bispos é útil para o nosso ofício apostólico, o conforto de sua presença e o
auxílio da sua prudência e da sua experiência”.
Dessa
forma, o Santo Padre institui – em caráter perene – a assembleia dos bispos,
inspirado na sinodalidade presente desde o primeiro milênio, vivida e
testemunhada pelos Apóstolos e pelos Padres da Igreja que se reuniam para
discernirem, à luz da Palavra de Deus, as questões que se apresentavam à
Igreja.
O
Espírito Santo é o protagonista deste caminho. Por isso, a liturgia desta Santa
Missa é inspirada na celebração de Pentecostes. As leituras que ouvimos foram
escolhidas pelos organizadores do Sínodo junto a Santa Sé, as quais
refletiremos.
A
primeira leitura foi extraída dos Atos dos Apóstolos, onde são relatados os
primeiros passos da Igreja nascente. O milagre das línguas é interpretado como
acontecimento escatológico a partir da profecia de Joel 3. Mas, sobretudo, é o
cumprimento da palavra do Cristo (Lc 24,49; At 1,4; Jo 14,16-17). Passa como um
vendaval ao ouvido, como um fogo aos olhos, mas permanece como transformação do
“pequeno rebanho” em Igreja Missionária. Também hoje, a Igreja de Cristo se
reconhece pelo espaço que ela dá ao Espírito e pela capacidade de proclamar sua
mensagem.
Diante
da mensagem sugerida a partir do texto de Atos que ouvimos, observamos que a
comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito, que continua em
nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa.
O
cristão é “livre para” o que Cristo deseja: a dedicação ao irmão, o próximo.
Livre para a corajosa transformação da exploração em fraternidade, para a
verdade que afugenta a mentira, para tudo que o Espírito de Deus nos inspira,
os frutos do Espírito: caridade, alegria e paz (Gl 5,22). E para isso, ele
cumprirá a “lei única”, que contém tudo que é preciso observar: amar o próximo
como a si mesmo, ou seja, como se tratasse de si mesmo. São Paulo chega a dizer
que a liberdade consiste em tornamo-nos escravos de nossos irmãos... (Gl 5,15).
Como
discípulos de Cristo, ele nos pede que sejamos “sal da terra” e, para ser sal
da terra, temos que ser sal na vida cotidiana dos homens. Nós, participantes do
Corpo de Cristo, somos impulsionados a testemunhar aos irmãos nossa experiência
com Deus. A Eucaristia é expressão máxima de comunhão: alimentados por esse
Sacramento, somos impelidos a sairmos em missão, como nos recorda o conhecido
canto: “A Missa terminou começou nossa missão, Senhor que nossos atos vos
provem nosso amor, transformem nossas vidas num hino de louvor”.
Sendo
nós, pregadores das realidades celestiais, como discípulos de Jesus, daremos a
essas realidades temporais o sabor de eternidade, que faz com que as realidades
temporais transcendam na própria dimensão limitada.
Porém
o Senhor adverte que se o sal perder o seu sabor, se perder o poder que tem,
por sua própria natureza, de preservar da corrupção, para que servirá, então?
Os
discípulos do Senhor também devem ser luz. Cristo é a verdadeira luz que
ilumina todo homem (Jo 1,9; 8,12) mas quis que os homens participassem de sua
luz, a fim de que pudessem, por sua vez, transmitir a luz para os outros.
A
natureza da luz é derramar a claridade e fazer desaparecer as trevas, até onde
o esplendor de sua claridade alcançar. O mundo estava situado longe do
conhecimento de Deus e na escuridão do erro: por intermédio dos apóstolos, como
que através de tantas lanternas, penetrou nos homens a luz da verdade do
Evangelho, o conhecimento de Deus e de seu Filho Jesus Cristo.
Os
apóstolos de hoje somos nós, por escolha expressa do Senhor Jesus. Ele quis
destinar-nos a sermos lanternas que iluminam.
Não
diga que você não tem qualidades para ser luz do Evangelho; o esplendor da
glória dinâmica de Deus manifesta-se nas obras dos seus filhos e convida a todos
a encontrar-se com o Pai.
Não
basta que vivamos uma vida que em si é um sinal, é preciso que a realidade,
assimilada por essa vida, seja o que o significa, que maneira que todos os que
nos vejam possam se convencer da realidade salvadora do Evangelho.
A
XVI Assembleia Ordinária Sínodo dos Bispos, possui como tema a própria
sinodalidade da Igreja. O Sínodo dos Bispos é uma assembleia da Igreja que
reúne os bispos sob a condução do Sucessor de Pedro, isto é, o Papa, com a
finalidade de refletir – de maneira conjunta – a caminhada e temas relevantes
para o bem da igreja e da humanidade. A palavra sínodo, vem do grego sýnodos,
junção das palavras Syn, “junto”, e Hodós, “caminho”, e significa “caminhar
juntos”.
É
a primeira vez que o Papa estende a discussão do sínodo dos bispos à toda a
Igreja. Essa nova linha mestra instituída pelo Papa Francisco faz parte do
processo de renovação vida sinodal da Igreja mediante a consulta de todo o povo
de Deus. “A dimensão sinodal da Igreja exprime o caráter de sujeito ativo de
todos os batizados e, ao mesmo tempo, a específica função do ministério
episcopal em comunhão colegial e hierárquica com o Bispo de Roma”, nos diz o
documento A sinodalidade na vida e na missão da Igreja da Comissão Teológica
Internacional.
O
Papa, com este sínodo, faz um apelo aos cristãos católicos, ao chamar-nos à
unidade, à comunhão, à fraternidade que nasce da consciência de nos sentirmos
abraçados pelo único amor de Deus; é por essa razão que todas as dioceses do
mundo inteiro, assim como a nossa, sob este bispado, estão abrindo o sínodo em
comunhão com o Papa, a fim de ecoarmos nossa parcela de contribuição com toda
Igreja.
Em
Roma, na Santa Missa que abriu oficialmente o sínodo, nos disse o Papa
Francisco: “Fazer Sínodo é colocar-se no mesmo caminho do Verbo feito homem: é
seguir as suas pisadas, escutando a sua Palavra juntamente com as palavras dos
outros. Sejamos peregrinos enamorados do Evangelho, abertos às surpresas do
Espírito Santo”.
Prezados,
o Papa insiste no Encontro, na Escuta e no Discernimento. E com estas
disposições ora iniciadas pelo Papa e agora aqui em nossa Igreja Particular,
pretendemos caminhar unidos em oração prezando pela estrita unidade eclesial
que se dá a partir da voz do Pastor Diocesano. Ouçamos queridos sacerdotes,
diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, forças vivas da nossa Igreja,
ouçamos o Espírito Santo que quer falar-nos!
O princípio da sinodalidade é a unidade. A imagem dos apóstolos junto à Virgem Maria no cenáculo, perseverantes na oração, sobre os quais “desceu” o Espírito Santo, é exemplo inspirador do caminho sinodal. Suplicamos a presença da Mãe de Deus neste processo que hoje iniciamos: que por sua intercessão o Santo Espírito venha sobre nós e seja o agente protagonista desta nossa peregrinação.
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Por: Ascom | Correção: Pedro Freitas
Fotos: Rafael Augusto