Dom Dulcênio emite carta aos Sacerdotes

Postado em 31/03/21 às 10:244 minutos de leitura502 views

Imagem da notíciaDom Dulcênio Fontes de Matos 
Bispo Diocesano de Campina Grande
Rua Afonso Campos, 251 – Centro
Caixa Postal: 515 – Campina Grande, Paraíba
58.100-970

 

Campina Grande, 01 de abril de 2021,

Quinta-Feira Santa

 

Estimado irmão e filho sacerdote,

 

Ao dirigir-me ao senhor, na paternidade que me é cabida pelo múnus episcopal, faço-o alegremente na esperança de animar-nos uns aos outros nas palavras e no sentimento da fé em Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, Servo Crucificado e Ressuscitado.

Vivemos dias difíceis – é bem verdade! – em que vemos o povo que nos foi confiado sofrer e morrer. Dias em que aquilo que acreditamos e Aquele a quem servimos são relativizados em sua suma importância. Assistimos, sem saber o que fazer, os nossos templos fechados em nome de uma pseudossegurança no combate a um vírus, quando este é instrumentalizado pelo ódio à fé, causados por discórdias políticas e outros tipos de interesses espúrios. Porém, não obstante este triste cenário, sabemos que o nosso cuidado pastoral não se restringe a paredes e portas que foram trancafiadas, que o nosso zelo vibrante vai além de decretos e de coibições, porque sabemos que a luz de Cristo é infinitamente mais forte do que a tristeza, a doença e a morte. Cremos em Cristo, e o nosso ser não se comede em anunciá-Lo,  fazendo nossas, para o mundo, as Suas próprias palavras: “Não sabeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?” (Lc 2,49); porque, como exprime o Apóstolo Paulo: “Ai de mim se não pregar o Evangelho!” (1Cor 9,16).

Caro sacerdote, o Papa São Paulo VI, em um de seus escritos, afirmou ser a Igreja perita em humanidade (cf. Populorum Progressio, 13). Indo já para o segundo ano da assistência e participação ativa nesta calamidade pandêmica, tenho certeza de que em nosso coração urge – ainda mais – a caridade, nascida no ser de Deus, e a fraternidade para com todos. Como ministros do Altar, o nosso serviço caritativo tem o seu início na Ara da Eucaristia. Levamos o homem à dignidade de filhos de Deus, antes de tudo pelos sacramentos. Entretanto, o nosso dever vai além: não assistimos apenas o espírito humano, ainda que este seja o seu âmbito mais essencial e fundamental: queremos servir a humanidade integralmente, porque compreendemos que isto faz parte da promoção daquela vida abundante que o Senhor ofereceu a todos com a Sua cruz redentora (cf. Jo 10,10).

Nestes dias, o Papa Francisco, dirigindo-se aos sacerdotes do Pontifício Colégio Mexicano de Roma, animou-lhes a um constante olhar indulgente: “A configuração cada vez mais profunda com o Bom Pastor desperta em cada sacerdote uma autêntica compaixão, tanto pelas ovelhas a ele confiadas quanto por aquelas que se extraviaram. Somente deixando-nos moldar por Ele se intensifica a nossa caridade pastoral, onde ninguém é excluído de nossa solicitude e oração” (Discurso de 29.03.2021). E se já temos esta sensibilidade para com tantos e tantos sofredores, nunca é demais desenvolvê-la na salutar pretensão de atingir a largura, cumprimento, altura e a profundidade do amor ilimitado de Jesus (cf. Ef 3,18).

Ser grato: é também isto que está em meu coração em relação ao valoroso presbitério de Campina Grande. Clero composto de homens apaixonados por Jesus, amantes da Igreja e servidores do Santo Povo de Deus; varões que fazem jus ao vocativo “padre” – pai. Muito obrigado, estimado filho e irmão, pelo seu testemunho de amor!

Desejando-lhe uma feliz e santa Páscoa, auguro que este dia sacerdotal seja ocasião de renovação em seu ministério de “alter Christus Sacerdos”. Obedientes ao chamado do Senhor em nossas vidas, correspondamos-Lhe por uma vida de santidade, extensiva às ovelhas que nos foram confiadas.

 

Concedo-lhe, cordialmente, a minha bênção,

 

Dom Dulcênio Fontes de Matos

Bispo de Campina Grande





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