Dom Dulcênio emite carta aos Sacerdotes
Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo Diocesano de Campina Grande
Rua Afonso
Campos, 251 – Centro
Caixa Postal:
515 – Campina Grande, Paraíba
58.100-970
Campina Grande, 01 de abril de
2021,
Quinta-Feira Santa
Estimado irmão e
filho sacerdote,
Ao dirigir-me ao senhor, na paternidade que me é cabida pelo múnus episcopal, faço-o alegremente na esperança de animar-nos uns aos outros nas palavras e no sentimento da fé em Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, Servo Crucificado e Ressuscitado.
Vivemos dias difíceis – é bem verdade! – em que vemos o povo que nos foi confiado sofrer e morrer. Dias em que aquilo que acreditamos e Aquele a quem servimos são relativizados em sua suma importância. Assistimos, sem saber o que fazer, os nossos templos fechados em nome de uma pseudossegurança no combate a um vírus, quando este é instrumentalizado pelo ódio à fé, causados por discórdias políticas e outros tipos de interesses espúrios. Porém, não obstante este triste cenário, sabemos que o nosso cuidado pastoral não se restringe a paredes e portas que foram trancafiadas, que o nosso zelo vibrante vai além de decretos e de coibições, porque sabemos que a luz de Cristo é infinitamente mais forte do que a tristeza, a doença e a morte. Cremos em Cristo, e o nosso ser não se comede em anunciá-Lo, fazendo nossas, para o mundo, as Suas próprias palavras: “Não sabeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?” (Lc 2,49); porque, como exprime o Apóstolo Paulo: “Ai de mim se não pregar o Evangelho!” (1Cor 9,16).
Caro sacerdote, o
Papa São Paulo VI, em um de seus escritos, afirmou ser a Igreja perita em
humanidade (cf. Populorum Progressio, 13). Indo já para o segundo ano da
assistência e participação ativa nesta calamidade pandêmica, tenho certeza de
que em nosso coração urge – ainda mais – a caridade, nascida no ser de Deus, e
a fraternidade para com todos. Como ministros do Altar, o nosso serviço
caritativo tem o seu início na Ara da Eucaristia. Levamos o homem à dignidade
de filhos de Deus, antes de tudo pelos sacramentos. Entretanto, o nosso dever
vai além: não assistimos apenas o espírito humano, ainda que este seja o seu
âmbito mais essencial e fundamental: queremos servir a humanidade
integralmente, porque compreendemos que isto faz parte da promoção daquela vida
abundante que o Senhor ofereceu a todos com a Sua cruz redentora (cf. Jo 10,10).
Nestes dias, o
Papa Francisco, dirigindo-se aos sacerdotes do Pontifício Colégio Mexicano de
Roma, animou-lhes a um constante olhar indulgente: “A configuração cada vez
mais profunda com o Bom Pastor desperta em cada sacerdote uma autêntica
compaixão, tanto pelas ovelhas a ele confiadas quanto por aquelas que se
extraviaram. Somente deixando-nos moldar por Ele se intensifica a nossa
caridade pastoral, onde ninguém é excluído de nossa solicitude e oração”
(Discurso de 29.03.2021). E se já temos esta sensibilidade para com tantos e
tantos sofredores, nunca é demais desenvolvê-la na salutar pretensão de atingir
a largura, cumprimento, altura e a profundidade do amor ilimitado de Jesus (cf.
Ef 3,18).
Ser grato: é
também isto que está em meu coração em relação ao valoroso presbitério de
Campina Grande. Clero composto de homens apaixonados por Jesus, amantes da
Igreja e servidores do Santo Povo de Deus; varões que fazem jus ao vocativo
“padre” – pai. Muito obrigado, estimado filho e irmão, pelo seu testemunho de
amor!
Desejando-lhe uma
feliz e santa Páscoa, auguro que este dia sacerdotal seja ocasião de renovação
em seu ministério de “alter Christus Sacerdos”. Obedientes ao chamado do
Senhor em nossas vidas, correspondamos-Lhe por uma vida de santidade, extensiva
às ovelhas que nos foram confiadas.
Concedo-lhe,
cordialmente, a minha bênção,
Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo de Campina Grande