Dom Dulcênio emite Carta ao Clero

Atualizado em 08/04/20 às 23:423 minutos de leitura362 views
 

Campina Grande, 07 de abril de 2020.

"Como os olhos do escravo estão fitos nas mãos de seu senhor [...] assim os nossos olhos, no Senhor, até de nós ter piedade" (Sl122,2)

Reverendíssimo irmão Padre,

            Não preciso dizer da dificuldade do tempo que estamos passando, porque é sentida por todos. Por estas linhas, neste dia tão importante para a Santa Igreja, como se configura a Quinta-Feira Santa, ocasião onde recordamos a instituição do nosso ministério sacerdotal, deixado por Jesus como participação - imerecida de nossa parte - no Seu único e eterno Sacerdócio, desejo falar-lhe paternalmente, tal como a caridade do ofício episcopal me exige.

          Meu querido padre, sempre o nosso povo espera ver em nós a transparência de Jesus Cristo. Esta é uma exigência que nos enobrece, mas que também nos impõe uma grandíssima responsabilidade. Muito embora o nosso povo - na sua simplicidade, creio - caracterize os padres com certas alcunhas relativas aos nossos talentos pessoais, valorizando a riqueza dos nossos dons, ele não tem outra expectativa além senão a de que o sacerdote faça jus ao seu ser "alter Christus Sacerdos". Assim, a partir da espiritualidade, que perpassa pelo zelo e pela caridade, encarnando-se, também caracteriza-nos na santidade e na confiança.

          O nosso povo sente muito carinho por vocês, que fazem a diferença no seio de uma comunidade, na sociedade. Na consciência dos mais simples dos nossos fiéis, o padre é aquele homem acessível, com quem se pode contar sempre; é, em paráfrase a uma conhecida canção, a pessoa mais certa nas horas incertas. Louvo a Deus por isso! Agradeço a Deus porque o nosso 'sim' e o nosso serviço são sinais! Somos, como diz o Apóstolo, "embaixadores de Cristo" (2Cor 5,20).

         Sou grato, como Bispo, pelos meus colaboradores diretos, os presbíteros. Em nome do nosso povo, tão sofrido, principalmente pelas dificuldades da vida e das suas inseguranças, agradeço, meu irmão, por ser o senhor aquele que não desfixa os olhos de Deus, trazendo-O ao chão de nossa história, à vida de nosso povo. Por ser aquele que se põe entre Deus e os homens, em Cristo, implorando em favor do povo santo que nos foi confiado; por rezarmos por ele, levando-lhes Deus, em simultâneo que lhes leva para Deus. Agradeço pelo tempo gasto na récita da Liturgia das Horas, religiosamente; pelos sacramentos que, em nome da Igreja, oferece às almas que nos foram confiadas; pelo socorro aos "outros Cristos", que sofrem muitas necessidades.

         Não desgrudemos os nossos olhos das mãos do Senhor até de nós ter piedade! Para esta fixação, continuemos, pelo nosso exemplo, pelo nosso ensinamento, a levar aqueles que nos são confiados, cujos anjos, que contemplam a face do Senhor, implorarão em nosso favor, para que recebamos na Pátria celeste a recompensa de fiéis dispensadores.

         Conte comigo sempre e aceite o meu abraço de pai e de irmão seu!           In Domino Christo Sacerdote,  

Dom Dulcênio Fontes de Matos Bispo de Campina Grande

       

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