ARTIGO: Dom Dulcênio fala sobre a 56ª AGCNBB

Atualizado em 25/06/19 às 10:363 minutos de leitura381 views

O LABOR EM APARECIDA

  Dom Dulcênio Fontes de Matos, Bispo de Campina Grande   De 11 a 20 deste mês, o Episcopado brasileiro se reuniu na Capital Mariana do Brasil para a sua 56ª Assembleia Geral. Esta experiência, partilhada pelos Sucessores dos Apóstolos presentes em Aparecida, SP, é ocasião necessária de meditação, avaliação, orientação e comunhão entre nós. Nesta feita, tal como em todos os anos, a agenda de discussões foi repleta. Norteou-nos a reflexão sobre a formação dos futuros presbíteros da Igreja no Brasil, não nos eximindo de lançar luzes sobre a formação continuada daqueles que já foram ordenados. Neste ponto, também compusemos um documento, já encaminhado à aprovação da Santa Sé, que visa atender as mais variadas realidades do País na formação dos seminaristas, não olvidando de prezar pelas particularidades de cada Diocese. Como este é ano de eleições, igualmente tecemos uma mensagem ao povo brasileiro, animando-nos mutuamente para, dentre tantas mazelas do cenário político nacional, combatermos a corrupção, praga latente nos centros de poder. Cobramos, como organismo eclesial e da sociedade, que sejam levados adiante os compromissos firmados pela Lei da Ficha Limpa, cujo nascedouro de ideias foi a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ainda ligados a esta discussão político-partidária, a CNBB reafirmou a sua neutralidade e liberdade em relação aos seus posicionamentos; e deixou em realce que, bispos e sacerdotes que, eventualmente, se manifestem em favor ou contra a candidatos ou visões políticas não representam o todo da nossa Conferência Episcopal. Com a ausência justificada por uma enfermidade do Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, o Bispo Auxiliar de São Luiz do Maranhão, Dom Esmeraldo Farias, conduziu os nossos trabalhos. E, ele mesmo, em nosso nome, apresentou, como igual fruto de nossas ideias de comunhão com o Santo Padre Francisco, o Mês Missionário Extraordinário, a ser realizado em outubro de 2019. Proclamado pelo Papa Francisco, esta celebração ocorre por ocasião do centenário da Carta Apostólica de Bento XV, Maximum Illud. “Bento XV deu um particular impulso à missão ad gentes, esforçando-se, com os meios conceituais e comunicativos de então, por despertar, especialmente no clero, a consciência missionária. Também como lembrava o papa Leão XIII, a missão se faz com os joelhos dos que rezam, as mãos dos que ajudam e os pés dos que partem. Eu ousaria acrescentar. A missão se faz com o coração dos que amam, o ouvido dos que escutam as realidades, os olhos dos que veem os sofrimentos e a inteligência daqueles que se abrem para compreender que a Igreja é por natureza missionária”, apresentou Dom Esmeraldo. E, para que esta comemoração? O Bispo Auxiliar de São Luiz do Maranhão continua: “a fim de corresponder a tal identidade e proclamar Jesus crucificado e ressuscitado por todos, como Salvador vivente, Misericórdia que salva, a Igreja, movida pelo Espírito Santo, deve – afirma também o Concílio – seguir o mesmo caminho de Cristo: o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação própria até à morte, de modo que comunique realmente o Senhor, modelo da humanidade renovada e imbuída de fraterno amor, sinceridade e espírito de paz, à qual todos aspiram”. Como resposta ao nosso desejo de comunhão à toda Igreja Católica, o Papa, por meio de seu Secretário de Estado, o Cardeal Pietro Parolin, enviou-nos uma mensagem, que foi lida no encerramento da nossa Assembleia pelo Presidente da CNBB, Dom Sérgio Cardeal da Rocha. “O Santo Padre incumbiu-me de agradecer esta manifestação de unidade eclesial, assegurando as suas orações a fim de que não falte aos prelados brasileiros os dons necessários de discernimento e comunhão para enfrentar os desafios que o Brasil de hoje lhes apresenta. […] O Papa os anima neste Ano do Laicato no Brasil a permanecerem atentos ao seu povo […] ajudando os leigos e leigas a viver, sempre em sintonia com seus pastores, o protagonismo do chamado de ser cada vez mais uma Igreja em saída”, escreveu o Cardeal Parolin. De muitas ideias e palavras, tento sintetizá-las neste pequeno discorrido. Creio que a atuação da Igreja de Cristo não depende apenas dos seus pastores, mas de um comum empenho de todo o Povo de Deus, fazendo justiça à nossa condição de batizados: filhos de Deus e de Sua Igreja, sal, luz e fermento no mundo, desafiador, onde estamos.

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