A Campanha da Fraternidade
Atualizado em 25/06/19 às 10:398 minutos de leitura387 views
Construída a partir de experiências locais de luta da Igreja Católica no Nordeste brasileiro, com início em Natal (RN), em 1961-62, apoiada na atuação de padres integrantes da Cáritas Brasileira, a Campanha da Fraternidade (CF) é, desde dezembro de 1963, quando lançada em âmbito nacional, alicerçando-se no Concílio Vaticano II (em curso, à época), uma iniciativa de evangelização assumida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com repercussão internacional, e consolidada nas Igrejas Particulares brasileiras, conforme suas Diretrizes Gerais da Ação (Pastoral) Evangelizadora.
A CF, por sua origem e natureza, constituída no âmbito das discussões sobre fé e vida, à luz do Evangelho e do Magistério da Igreja, de modo peculiar, em sua Doutrina Social, tem mobilizado, ano a ano, um número crescente de cristãos em vista do debate orgânico no enfrentamento aos diversos problemas que se apresentam como desafios na edificação de uma sociedade justa e igualitária, sustentada no amor do qual a solidariedade – fermento da fraternidade – é um sinal concreto.
Desde 1964, com a primeira CF, até 2017, tivemos 54 campanhas, distribuídas em 3 fases históricas, conforme especificações eclesiais, e, cada qual, por sua temática, apontando a fraternidade como caminho na construção de soluções necessárias aos problemas indicados nos temas.
Neste contexto, a CF de 2018 é quinquagésima quinta (55ª) campanha e, a nosso ver, por simples análise estrutural, inaugura uma NOVA FASE, pois, mesmo que mantendo-se na perspectiva de uma “Igreja (que) se volta para situações existenciais do povo brasileiro” (que funda a 3ª fase), está, agora, impulsionada pelas conclusões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, que aconteceu em Aparecida, Brasil, no período de 13 a 31 de maio de 2007; e pelo renovado ardor missionário-pastoral do Papa Francisco, implicando em uma exigência de maior “abertura” à diversidade ministerial das paróquias, ao apostolado do laicato (preocupando-se firmemente com as inter-relações fé e vida, no campo político) e à missão local das Igrejas Particulares (“Igreja em saída” que vence o hodierno conforto da “pastoral de manutenção”).
Os objetivos permanentes da CF convergem para apresentar e problematizar, anualmente, um tema de caráter sociocultural, político, econômico e/ou eclesial (como na 1ª fase, entre 1964-1972), com ou sem um viés ecumênico, fundados a partir de 3 enunciados, centrados nos verbos “despertar”, “educar” e “renovar”:
- a) DESPERTAR o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum;
- b) EDUCAR para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho;
- c) RENOVAR a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja).