Quem é Jesus?

Atualizado em 26/06/19 às 11:564 minutos de leitura429 views
Hoje Jesus, numa espécie de sondagem faz a seus discípulos uma pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?” (cf. Lc 9,18-24) Os discipulos responderam: “uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou.” Com esta resposta, os contemporâneos de Jesus vêem-no como um homem em continuação com o passado, um homem bom e justo, um profeta. Eles ainda não estavam conscientes da sua verdadeira identidade, não descobriram a originalidade e novidade de Jesus, que Ele era o Messias prometido, o Filho de Deus enviado pelo Pai para a salvação de todos. Situação semelhante também acontece hoje. Para muitos, Jesus é só um homem bom e justo e nada mais do que isso, não captam a verdadeira identidade de Jesus. Para Jesus não basta o que os outros pensam dele, pois é fácil dizer a opinião dos outros e não nos comprometermos com a resposta dada, pois não é a minha opinião, é a dos outros. Jesus interroga seus apóstolos, aqueles que lhe são mais intimos, que o seguem e que compartilham a vida com Ele sobre o lugar que Ele ocupa nas suas vidas. Agora não pode ser uma resposta abstrata, mas pessoal, que brote do coração e da vida de cada um: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (v 20) Mais do que olhar para conceitos ou idealismos, Jesus leva-nos à semelhança de Pedro, a nos deter em quem é Ele! Jesus não é uma ideia, nem só uma figura histórica. Pelas palavras de São Pedro temos a resposta satisfatória: Ele é “o Cristo de Deus” (v. 20) ou seja: O Messias, o Consagrado de Deus, por Ele enviado para salvar o seu povo segundo a Aliança e a promessa. Essa resposta de Pedro não é consequência de estudos teológicos ou de uma simples amizade oportunista, mas sim fruto da sua intimidade com o Senhor. Então Jesus começa a falar abertamente daquilo que o espera em Jerusalem: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”. (v. 22) São Pedro confessa que tanto ele como os discipulos reconheceram em Jesus este último enviado de Deus, que nele ele depositam todas suas esperanças e que dele esperam a plenitude de vida e salvação. A opinião dos discipulos se diferencia da do povo. O povo vê em Jesus um dos tantos profetas; os dicípulos reconhecem-no como o que traz definitivamente a salvação. Percebemos a nítida diferença de conceitos e compreensões que existiam, da parte das multidões e dos discipulos, acerca da Jesus. Na verdade, a referida pergunta não é futil ou superficial, mas é um desafio e uma provocação aos discipulos de todos os tempos. A pergunta de Jesus leva os discipulos a questionar-se sobre o ser de Jesus. À luz deste evangelho, cada um de nós se deixe questionar. “Hoje aquelas mesmas perguntas são repropostas a cada um de nós: Quem é Jesus para as pessoas do nosso tempo. Mas a outra é mais importante: Quem é Jesus para cada um de nós? Para mim, para ti? Quem é Jesus para cada um de nós? Somos chamados a fazer da resposta de Pedro a nossa resposta, professando com alegria que Jesus é o Filho de Deus, a Palavra eterna do Pai que se fez homem para redimir a humanidade, derramando sobre ela a abundância da misericórdia divina. O mundo precisa mais do que nunca de Cristo, da sua salvação, do seu amor misericordioso.” (Papa Francisco) Os primeiros discípulos de Jesus demoraram em entender, mas entenderam e atuaram em consequência. Nós, os cristãos do século XXI, não temos nenhuna dúvida sobre o significado cristão da palavra “Messias” e comprendemos perfeitamente as palavras que Jesus disse a seus discípulos. Mas, devemos reconhecer que ao longo da história nos acomodamos a um cristianismo morno e superficial. Em um mundo que avança, técnica e racionalmente a um rítmo vertiginoso, mais do que nunca precisa de Cristo, da sua salvação, do seu amor misericordioso. Muitas pessoas sentem um vazio ao seu redor e dentro de si, talvez até nós. Todos nós temos necessidade de respostas adequadas às nossas interrogações, às nossas perguntas concretas. Os cristãos temos de dar respostas não tanto às perguntas que a ciência nos propõe, mas sim, dando testemunho do que cremos e a fazer da resposta de Pedro a nossa resposta. Em Cristo, somente nele. É possivel encontrar a paz verdadeira e o cumprimento de todas as aspirações humanas mais legitimas. Muitos cristãos não sabemos responder aos desafios que a sociedade nos propõe, porque, na realidade, existe um desconhecimento ou desinteresse por aquilo no qual cremos ou naquele que fomos batizados. O cristão “não crê em algo”, mas sim, em “Alguém”. Alguém, cujo nome é Jesus, necessita adesões firmes e não simples verdades memorizadas, que denotem que nossa fé e confiança nele não só se limita a ser batizado, ter feito a primeira comunhão ou ter sido crismado. Crer em Jesus Cristo, o Filho de Deus, isto é o decisivo. Só a partir dessa fé clara em sua pessoa, o cristão descobre a verdade suprema a partir da qual poderá iluminar e dá sentido a vida. Quem é Jesus Cristo para nós? A certeza da fé cristã depende da resposta a essa questão. E esta certeza encontra-se hoje profundamente questionada de diversos modos. Aí está o pluralismo do mundo, no qual a fé se torna uma opinião privada. Aí está a secularização, na qual a fé se torna superficial e indiferente para muitas pessoas. Eu creio em Jesus Cristo? Eu o conheço? Ainda confio nele? A resposta a essa questão é uma resposta da vida. Professar Jesus Cristo e segui-lo andam inseparavelmente juntos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me.” (v. 23) Isto é o que diferencia a fé cristã de outras religiões, é o próprio Cristo, isto é, a adesão confiante e o seguimento fiel de sua pessoa. Pe. Assis Pereira Soares

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