Os 250 anos da Matriz - O Altar da Sagrada Família

Atualizado em 29/08/19 às 16:523 minutos de leitura655 views
Dando continuidade à série os 250 anos Matriz, em seu segundo artigo, O Padre Luciano conta uma peculiaridade sobre o Altar da Sagrada Família. Boa Leitura!   O ALTAR DA SAGRADA FAMÍLIA Quem adentra hoje à Catedral de Campina, percebe logo uma bela tela da Sagrada Família em destaque do seu lado direito.  Pois bem! Esse lugar guarda a história de muitas pessoas e famílias da cidade que tiveram os seus casamentos abençoados nesse espaço sagrado. Os altares da Igreja Matriz foram inicialmente zelados pelas beatas da Casa de Caridade, fundada em Campina Grande pelo Padre Mestre Ibiapina, nos idos de 1868. Havia atrás da Igreja Matriz, um jardim cultivado pelo Monsenhor Sales, de onde as mesmas beatas recolhiam as flores necessárias à ornamentação semanal do templo. Mais tarde, com o desaparecimento destas, foram as famílias da cidade e as zeladoras do Apostolado da Oração, que aos sábados assumiram este ofício. De acordo com Esmeraldina Agra¹, em seu memorial, o Altar da Sagrada Família, era composto de duas partes: a parte superior, onde estava entronizada a tela da Sagrada Família e na parte inferior, havia um nicho onde se colocava a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte. Preparando a celebração dos 250 anos da Igreja Matriz, escutamos a Sra. Eurides Gomes Borborema, do alto dos seus 107 anos de idade. Com a sua máquina de costura confeccionou, inclusive, os vestidos das noivas que suntuosamente entravam na bela Matriz de Nossa Senhora da Conceição para diante do Altar da Sagrada Família receberem as bênçãos nupciais.  Eurides, proveniente do município de Cabaceiras em 1922, esclareceu-nos com palavras arrancadas do fundo da alma, a compreender o valor sagrado do patrimônio religioso da Catedral.
“Eu era uma filha de Maria. Casei no altar da Sagrada Família. Parece que foi com Emanuel.” (Entrevista concedida em 23/04/2019)
Recordar um lugar como expressão da própria vida e do relacionamento mais profundo é o que captamos do seu testemunho. Embora, os silêncios da memória ponham em suspensão a própria identidade do cônjuge, instalou-se definitivamente em seu registro, o Altar da Sagrada Família como selo da sua aliança matrimonial. Na Semana Nacional da Família celebrada pela Igreja católica, de 11 a 17 de agosto, fará bem retomar o significado do templo e dos símbolos que marcam a decisão das pessoas. Quando diminuem os enunciados ou a conexão dos fatos – em razão do tempo –, permanece a força das imagens que deram forma e sentido para a existência sobre a terra. Sem lugares e sem sinais evidentes, onde e em que se apoiarão as nossas humanas palavras? Num mundo povoado de larga comunicação e de um paralelo esquecimento como se caracteriza nossa época, redescobrir o valor dos lugares sagrados poderá salvar a nossa memória afetiva e as coisas mais importantes. ______________________
¹ Esmeraldina Agra conhecida por Dona Passinha foi uma campinense, advinda da Fazenda Tanques, deste município.  Residiu por muitos anos na Rua Maciel Pinheiro, centro da cidade.  Católica, estabeleceu um convívio direto e assíduo com a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, deixando sobre a mesma, importante escrito memorialístico.
 

Pe. Luciano Guedes do Nascimento Silva Pároco da Catedral e Vigário Geral

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