Assassinato da Ir. Dorothy Stang completa 10 anos. O que ficou?

Atualizado em 25/06/19 às 13:223 minutos de leitura368 views
A morte da Ir. Dorothy Stang não pode ser vista como um caso isolado. Ela, uma incansável defensora das pessoas oprimidas e inimiga dos grandes latifundiários que destroem a floresta e as áreas rurais e exploram povos há várias gerações, junta-se aos inúmeros casos registrados, mas esquecidos no país. Segundo números da Comissão Pastoral da Terra (CPT), dos 1.270 casos de mortes no campo (com 1.680 vítimas) registrados entre 1985 e 2013, apenas 108 chegaram a julgamento. Isso representa 8,5% dos episódios de violência registrados nos últimos 30 anos, ou seja, menos de um em cada dez casos foi concluído pela Justiça. Ainda segundo dados da CPT, apenas 28 mandantes foram condenados e 13 foram absolvidos no mesmo período. Entre os executores, 86 foram responsabilizados pela Justiça e 58 absolvidos em todo o Brasil.   BIOGRAFIA Dorothy Mae Stang, conhecida como Irmã Dorothy, nasceu em Dayton (USA) no dia 7 de junho de 1931. Ela pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 que reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral nos cinco continentes. Em 1966 ela iniciou seu ministério no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão. Chegou à Amazônia na década de 70 e atuava junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica. Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região. A religiosa era atuante nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional. A religiosa participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica. Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”. Ainda em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (secção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos. Em 2005, foi homenageada pelo documentário livro-DVD Amazônia Revelada.   O MARTÍRIO A Irmã Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros: um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às 7h30, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 km da sede do município de Anapu, no Estado do Pará. Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou “eis a minha arma!” e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia. O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heroicas da matrona cristã. O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro julgamento a 30 anos de prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um terceiro e quarto julgamentos, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de prisão, mas cumpre a pena em regime aberto. Ele teria oferecido R$ 50 mil pela morte da missionária. Amair Feijoli da Cunha pegou 18 anos de cadeia por ter contratado os pistoleiros Rayfran e Clodoaldo Carlos Batista. A pena de Rayfran foi de 28 anos, e Clodoaldo foi sentenciado a 17. Os julgamentos começaram um ano após os assassinatos, em 2006.   Com informações da internet

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